A participação do cardeal Roger Mahony, arcebispo emérito de Los Angeles, nas cerimônias fúnebres do Papa Francisco causou desconforto entre fiéis e religiosos. Aos 89 anos, o religioso norte-americano, que já foi alvo de duras críticas por encobrir centenas de casos de abuso sexual de menores durante sua gestão, integra a lista oficial de representantes que acompanharão os ritos finais de sepultamento do pontífice na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma.
Mahony é um dos nove cardeais escalados para acompanhar a lacração do caixão e os atos solenes de despedida. Mesmo afastado das funções administrativas desde 2011 e com restrições públicas impostas em 2013 devido ao escândalo, seu nome foi mantido entre os cardeais-presbíteros participantes. Fontes da imprensa americana afirmam que sua presença se deve à posição sênior que ocupa no Colégio dos Cardeais, já que seus pares mais antigos não puderam comparecer por conta da idade avançada.
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O nome de Mahony, no entanto, continua sendo lembrado pelo escândalo que atingiu em cheio a Igreja nos Estados Unidos. Durante décadas, ele foi apontado como omisso diante de denúncias graves e deixou de afastar padres suspeitos, principalmente nos anos 1980. Uma série de documentos internos divulgados em 2013 expôs como ele e outros líderes dificultaram investigações. A arquidiocese de Los Angeles, sob seu comando, desembolsou mais de US$ 1,5 bilhão em indenizações a vítimas de abuso.
Ainda assim, a Arquidiocese de Los Angeles se manifestou em tom elogioso à sua presença no Vaticano, classificando a participação de Mahony como uma “bênção” e destacando que ele continua em plena comunhão com a Igreja.
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A escolha por incluí-lo entre os participantes do funeral reacendeu discussões sobre transparência e tolerância zero com abusos dentro da instituição. Entre os demais nomes confirmados para os ritos estão autoridades do alto clero, como o decano do Colégio dos Cardeais, Giovanni Battista Re, e o secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin.