Em meio ao rigor do inverno, a rã-da-madeira (Rana sylvatica) protagoniza um dos fenômenos mais extraordinários da natureza: ela congela completamente e, ainda assim, sobrevive. Em regiões onde a temperatura pode cair a –20 °C, o corpo do animal endurece, o coração para de bater e a respiração cessa. À primeira vista, tudo indica morte, mas trata-se de uma pausa controlada e reversível.
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Antes que o congelamento se complete, a rã libera grandes quantidades de glicose e ureia. Essas substâncias atuam como potentes anticongelantes naturais, impedindo que o gelo destrua as células. Assim, os tecidos permanecem intactos mesmo sob o frio extremo, garantindo que o animal possa “hibernar” até o retorno da primavera.
Além disso, o sangue espesso e rico em açúcar cria uma espécie de escudo biológico que reduz os danos internos, permitindo que o corpo suporte longos períodos de inatividade. Quando a estação fria chega ao fim e as temperaturas começam a subir, o corpo da rã descongela gradualmente. O coração volta a pulsar, o sangue retoma a circulação e o pequeno anfíbio desperta, retomando suas atividades como se nada tivesse acontecido.
Esse ciclo de morte aparente e renascimento é um dos processos biológicos mais fascinantes já observados no reino animal, atraindo o interesse de cientistas há décadas. Pesquisadores veem nesse mecanismo natural um modelo promissor para avanços em criopreservação e transplantes. Compreender como a rã-da-madeira evita danos celulares durante o congelamento pode ajudar a desenvolver novas técnicas para preservar órgãos humanos e tecidos por longos períodos.
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Além disso, os estudos podem contribuir para áreas como a medicina regenerativa, oferecendo caminhos inéditos para prolongar a viabilidade de células e estruturas biológicas — um verdadeiro salto na luta contra o tempo e o frio.
