Entre fuligem, fulgor e surpresas dignas de um romance policial, o londrino Josh Firkins transformou a rotina de limpar chaminés em um ofício repleto de histórias inesperadas. Herdeiro de uma tradição iniciada em 1860, ele representa a quinta geração de uma família que faz desse trabalho uma arte — e uma janela para o passado escondido nas casas da capital britânica.
Em duas décadas de atuação, Firkins já se deparou com descobertas que vão muito além da sujeira e da fuligem. Entre os objetos mais inusitados já resgatados das profundezas de lareiras antigas estão um revólver da Segunda Guerra Mundial envolto em uma carta escrita em alemão, um anel de noivado que havia sumido misteriosamente e até um Rolex de ouro esquecido há décadas. Há também memórias emocionantes: diários, cartas de amor ocultas e até um bilhete natalino de uma criança que já havia falecido, devolvido à mãe anos depois do ocorrido.
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Mas nem tudo é nostalgia ou relíquias sentimentais. O trabalho também pode ser perigoso. Em uma visita, Josh se deparou com um encanamento de gás instalado por engano dentro da chaminé — uma falha que poderia ter causado uma tragédia. “Aquela família escapou por pouco. Um vazamento ali teria destruído a casa inteira”, relembra.
Alguns episódios, por outro lado, parecem saídos de filmes de suspense. Em um imóvel, ele foi chamado para verificar uma estrutura suspeita. A polícia já havia passado pelo local, onde haviam sido encontrados restos mortais de um possível limpador do século XIX que teria ficado preso na chaminé.
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Há também espaço para o embaraçoso e o cômico. “Antigamente era comum achar revistas pornográficas escondidas. Eu deixava onde estavam. Vai que alguém me acusa de mexer no que não devia”, brinca.
Josh circula por todo tipo de residência — de casas simples a mansões com prêmios de cinema no aparador. Certa vez, trabalhou em uma propriedade com forte esquema de segurança e um tapete de 150 mil libras bem na frente da lareira. “Me disseram: cuidado onde pisa. E era exatamente onde eu precisava trabalhar”.
Apesar de tudo, o maior valor do seu trabalho está no vínculo com as famílias que atende. “Algumas casas acompanho há 15 anos. Vi crianças crescerem, conheço os donos pelo nome. Mais do que limpar lareiras, a gente faz parte da história dessas casas”, resume.
