Na Califórnia (EUA), um filhote de urso-negro órfão vem sendo criado com um método inusitado: seus cuidadores usam fantasias de urso para evitar que o animal associe humanos a segurança e cuidado. A estratégia faz parte de um esforço para que ele possa ser reintegrado à natureza quando estiver pronto.
O filhote, que pesa pouco mais de 5 kg, foi encontrado sozinho e desnutrido na Floresta Nacional de Los Padres, em abril de 2025. Com apenas dois meses na época do resgate, é o mais jovem já recebido pela San Diego Humane Society. Sua sobrevivência era considerada improvável.
“Ele chegou extremamente debilitado. Foram dias sem nutrição, e sua situação era crítica”, explicou Autumn Welch, gerente de operações de vida selvagem do Centro de Ramona, onde ele está sendo cuidado.
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Simulação da maternidade
Para impedir que o urso crie laços com humanos — o que dificultaria sua volta à vida selvagem —, os funcionários usam trajes com pelagem, máscaras, luvas e até feno com odor de urso. No recinto, um urso de pelúcia em tamanho real faz o papel simbólico da mãe. “Quando se assusta ou quer dormir, ele se aconchega nele. É como se fosse sua referência de conforto”, contou Welch.
Além do vínculo emocional simulado, os cuidadores ensinam o filhote a agir como um animal selvagem: escalar, cavar, encontrar comida e construir ninhos. Um dos marcos recentes foi a captura e ingestão do primeiro inseto por conta própria. Em outra ocasião, um cuidador entrou no recinto sem fantasia, e o filhote imediatamente fugiu para o alto de uma árvore — um sinal positivo de que o instinto de evitar humanos está intacto.
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Reabilitação demorada e cara
O processo de reabilitação deve durar cerca de um ano, até que o animal esteja plenamente apto a sobreviver por conta própria. O custo estimado do tratamento é de US$ 72 mil (aproximadamente R$ 390 mil), valor totalmente coberto por doações.
O uso de fantasias em cuidados com animais selvagens ainda é uma técnica recente, mas tem sido aplicada com sucesso em outros resgates, como os de filhotes de coiotes e raposas. “Não é comum vermos filhotes tão jovens sem a mãe. É um privilégio poder ajudá-lo, e um trabalho que exige muito amor”, concluiu Welch. “O dia em que ele voltar à natureza será o verdadeiro prêmio para todos nós.”