A nova série da Netflix, Vinagre de Maçã, chegou ao catálogo com a promessa de contar uma “história quase real baseada em uma mentira”. Inspirada na trajetória da influenciadora Belle Gibson, a produção retrata um dos maiores escândalos da era digital: uma mulher que convenceu milhares de seguidores de que havia sido diagnosticada com um câncer terminal e que se curou por meio de métodos naturais.
Em 2013, Belle Gibson ganhou notoriedade ao afirmar que lutava contra um câncer cerebral e que havia escolhido tratamentos alternativos para combater a doença. A história comoveu o público e impulsionou sua marca de bem-estar, que incluía o aplicativo The Whole Pantry e um livro de receitas. Em pouco tempo, a influenciadora acumulou seguidores, apoiadores e lucros expressivos.
No entanto, em 2015, uma investigação do jornal The Age revelou inconsistências em seu relato. Jornalistas descobriram que não havia qualquer evidência médica de que Belle tivesse câncer e que grande parte do dinheiro arrecadado, supostamente destinado a instituições de caridade, nunca chegou ao seu destino.
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Com a farsa exposta, a editora Penguin Australia cancelou seus futuros lançamentos e o aplicativo foi removido das plataformas digitais. Em entrevista à revista The Weekly Australia, Gibson admitiu que nunca teve câncer, mas afirmou que enfrentar a verdade foi “assustador”.
No ano seguinte, a Justiça australiana determinou que ela havia cometido práticas comerciais enganosas e a multou em mais de US$ 400 mil. No entanto, Belle nunca pagou a dívida, e sua residência chegou a ser alvo de apreensões judiciais.
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Nos últimos anos, Belle tentou reconstruir sua identidade. Em 2020, surpreendeu ao se apresentar como Sabontu, nome adotado após sua aproximação com a comunidade Oromo, um grupo etíope na Austrália. No entanto, ao descobrirem seu histórico, os líderes comunitários a repudiaram.
Atualmente, seu paradeiro é incerto. Sem presença ativa nas redes sociais, sua última postagem conhecida foi em fevereiro de 2024, quando pediu para ser deixada em paz e afirmou que era apenas uma “autora de livros de receitas trabalhadores”.