Chega nesta sexta-feira, 16, ao catálogo da Apple TV+ o documentário Deaf President Now!, que revive um dos movimentos mais marcantes — e pouco conhecidos — da luta por direitos civis nos Estados Unidos: a revolta estudantil na Universidade Gallaudet, liderada por alunos surdos em 1988.
Dirigido por Nyle DiMarco, modelo e ativista surdo, e pelo premiado cineasta Davis Guggenheim (Uma Verdade Inconveniente), o filme narra a semana em que estudantes paralisaram a maior instituição de ensino superior para surdos do mundo, exigindo que a presidência da universidade fosse ocupada, pela primeira vez, por alguém da própria comunidade.
A escolha de uma presidente ouvinte — Elisabeth Zinser, sem domínio da Língua de Sinais Americana (ASL) — foi o estopim da mobilização. Durante oito dias, manifestações, negociações e ocupações tomaram o campus de Washington, até que a pressão nacional levou à renúncia de Zinser e à nomeação de um presidente surdo.
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O documentário mergulha na intimidade do movimento, acompanhando quatro líderes estudantis que se tornaram símbolo de resistência e mudança: Greg Hlibok, Jerry Covell, Bridgetta Bourne-Firl e Tim Rarus. Cada um deles carrega um papel fundamental na conquista que redefiniu a identidade surda nos Estados Unidos.
Além do resgate histórico, Deaf President Now! se destaca por sua abordagem sensorial e inclusiva. Filmado em ASL e inglês, o projeto incorpora o conceito de “ponto de vista surdo” — uma proposta estética que prioriza o visual sobre o sonoro, usando vibrações, luzes e ruídos visuais para refletir a percepção de mundo da comunidade retratada.
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Mais de 40 integrantes da equipe técnica são surdos ou com deficiência auditiva, e a trilha sonora inovadora, de Marco Beltrami e Buck Sanders, utiliza sons distorcidos, reverberações metálicas e elementos captados de aparelhos auditivos.
Premiado no SXSW 2025 pelo voto popular, Deaf President Now! não apenas recupera um momento decisivo para a causa da inclusão, mas também desafia os padrões tradicionais do cinema documental ao colocar a experiência surda no centro da narrativa.
