Iracema – Uma Transa Amazônica volta aos cinemas após 50 anos

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Cinco décadas após ter sido lançado e imediatamente censurado pela ditadura militar, o clássico Iracema – Uma Transa Amazônica retorna às telas com uma versão restaurada em 4K. O relançamento nos cinemas brasileiros está marcado para 24 de julho, e o primeiro trailer já foi divulgado, reacendendo o interesse por uma das obras mais contundentes do cinema nacional.

Dirigido por Jorge Bodanzky e Orlando Senna, o longa mistura ficção com elementos documentais para expor os impactos sociais e ambientais provocados pela construção da Rodovia Transamazônica. A produção, originalmente lançada em 1975, foi duramente reprimida pelo regime militar e só teve liberação oficial para exibição no Brasil em 1981.

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Uma viagem pelo Brasil profundo

A trama acompanha Iracema, jovem de 15 anos interpretada por Edna de Cássia, que chega a Belém durante o Círio de Nazaré e acaba sendo inserida no mundo da prostituição. Ela embarca numa jornada pelo interior da Amazônia ao lado do caminhoneiro Tião Brasil Grande, vivido por Paulo César Pereio. Enquanto Tião representa a visão ufanista do “Brasil grande” promovida pela ditadura, Iracema personifica os esquecidos pelo progresso — populações marginalizadas e vítimas do avanço predatório.

Restauração e reconhecimento

A restauração da obra foi feita na Alemanha, sob coordenação técnica de Alice de Andrade, com apoio de diversas instituições como CTAV, Mnemosine, Instituto Moreira Salles, Cinemateca Brasileira, PUC-Rio e Instituto Guimarães Rosa. A nova versão chega aos cinemas com distribuição da Gullane+.

A volta do filme é celebrada por seu codiretor, Jorge Bodanzky, hoje com 82 anos. “Retratar a Transamazônica de forma realista, em 1974, foi um ato arriscado. Enfrentamos anos de censura para fazer o filme chegar ao público a que sempre se destinava. A urgência daquela época ainda ecoa hoje”, afirmou em nota à imprensa.

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Prêmios e legado

Mesmo enfrentando décadas de repressão, Iracema conquistou reconhecimento mundial. Venceu o Festival de Brasília em 1980, acumulando prêmios de Melhor Filme, Melhor Atriz (Edna de Cássia), Melhor Atriz Coadjuvante (Conceição Senna) e Melhor Montagem. No exterior, foi premiado em Cannes, Paris, Alemanha e Itália, consolidando-se como um marco do cinema político e ambiental brasileiro.

Reconhecido pela Abraccine como um dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos, Iracema – Uma Transa Amazônica retorna agora como um convite à reflexão sobre o passado e o presente da Amazônia — e do Brasil.

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