No recém-lançado Midnight on the Potomac, o historiador Scott Ellsworth oferece uma nova leitura sobre o assassinato do presidente Abraham Lincoln, ocorrido em 1865, ao revelar a complexa rede de conspiração que envolveu o crime e suas possíveis conexões com os desafios políticos contemporâneos dos Estados Unidos.
Conhecido por seu premiado trabalho sobre o massacre racial de Tulsa, Ellsworth agora mergulha no último ano da Guerra Civil Americana e reexamina a figura de John Wilkes Booth, tradicionalmente retratado como um assassino isolado. Para o autor, essa imagem é incompleta. “Ele era aclamado como um dos maiores atores de sua geração e tinha conexões profundas com movimentos pró-Confederação que operavam em diferentes estados e até fora do país”, afirma Ellsworth em entrevista ao The Guardian.
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Baseado em documentos históricos, reportagens da época e registros da conspiração, Midnight on the Potomac traça um retrato mais amplo do plano que levou à morte de Lincoln. Entre os episódios reconstruídos estão a tentativa de incendiar Nova York em 1864, planos para sequestrar o presidente e as articulações de simpatizantes confederados no Canadá e no sul dos EUA.
O livro também resgata detalhes pouco lembrados, como a noite em que o conspirador Lewis Powell esperou do lado de fora da Casa Branca, pronto para atacar, mas desistiu no último instante. “Esses episódios mostram que o assassinato de Lincoln foi muito mais do que um ato isolado de vingança. Foi parte de uma trama coordenada, com ramificações complexas”, aponta Ellsworth.
Além de revisitar o passado, o autor estabelece paralelos com o cenário atual. Ele cita, por exemplo, o uso frequente da palavra “retribuição” por Donald Trump, algo que remete à retórica utilizada por conspiradores confederados antes e após o atentado a Lincoln. “As divisões políticas de hoje ecoam perigosamente os conflitos do século XIX”, alerta.
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O livro termina com uma reflexão no Cemitério Nacional de Arlington, local onde muitos dos soldados que lutaram pela União foram enterrados. Para Ellsworth, é ali que se encontra o verdadeiro símbolo da resistência democrática americana. “Precisamos lembrar dos que defenderam a liberdade num momento em que tudo parecia ruir. Sem eles, a América de hoje não existiria”, conclui o autor.
Midnight on the Potomac chega como uma obra que combina investigação histórica com uma análise afiada dos dilemas democráticos atuais, convidando os leitores a repensar o legado de Lincoln e as ameaças que rondam a democracia norte-americana até hoje.