Um dos episódios mais trágicos da virada de ano no Brasil está de volta ao debate público com o lançamento de uma série documental que revisita o naufrágio do Bateau Mouche IV. O acidente, ocorrido na noite de 31 de dezembro de 1988, na Baía de Guanabara, resultou na morte de 55 pessoas e marcou o fim prematuro da carreira da atriz Yara Amaral, que estava entre as vítimas.
Produzida pela plataforma Max, a série “Bateau Mouche: O Naufrágio da Justiça” resgata detalhes do desastre que transformou uma comemoração de luxo em uma das maiores tragédias marítimas do país. A embarcação, lotada com 142 passageiros a bordo, fazia um passeio pela orla do Rio de Janeiro para assistir aos fogos de Copacabana quando naufragou poucos minutos antes da meia-noite.
Yara Amaral, consagrada por seu trabalho no teatro e em novelas da TV Globo, embarcou na festa a convite de uma amiga. Segundo familiares, ela sempre teve medo de água e só aceitou participar da celebração por consideração à amiga Dirce, que insistiu para que ela estivesse presente. A atriz estava acompanhada da mãe, Elisa Gomes, também vítima do acidente.
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Relatos de parentes revelam que Yara morreu antes mesmo de se afogar. De acordo com sua sobrinha, Larize Ferreira Amaral, a atriz sofreu um infarto ao perceber que a água já invadia o banheiro da embarcação. “Ela teve um ataque cardíaco. Não morreu afogada, morreu de susto”, disse em entrevista.
Com uma carreira que transbordava talento, Yara foi destaque em montagens teatrais importantes e brilhou em novelas icônicas como Dancin’ Days, Guerra dos Sexos e Fera Radical. Ganhadora do Prêmio Molière em 1970, era considerada uma das atrizes mais respeitadas de sua geração.
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A série documental vai além do resgate da biografia de Yara. Ao longo dos episódios, são abordadas as falhas estruturais da embarcação, a negligência na fiscalização e a busca por justiça por parte das famílias das vítimas — temas que seguem relevantes mais de três décadas após a tragédia.
Mais do que uma lembrança dolorosa, “Bateau Mouche: O Naufrágio da Justiça” convida o público a refletir sobre responsabilidade, memória e a forma como o tempo transforma eventos marcantes em lições muitas vezes esquecidas.