Um doador europeu de sêmen, portador de uma mutação genética rara associada a um alto risco hereditário de câncer, foi o responsável pela concepção de pelo menos 67 crianças em diferentes países do continente. Ao menos dez delas já receberam diagnósticos positivos para a doença.
A alteração genética está localizada no gene TP53 e está diretamente relacionada à síndrome de Li-Fraumeni — uma condição rara que aumenta consideravelmente as chances de desenvolver diversos tipos de câncer ao longo da vida. A doação ocorreu em 2008, época em que os conhecimentos sobre essa mutação ainda eram limitados. Como resultado, os exames genéticos aplicados na triagem de doadores não conseguiram detectá-la.
A revelação, publicada pelo jornal britânico The Guardian, reacende discussões urgentes sobre a ausência de regulamentação internacional quanto ao número máximo de descendentes permitidos por doador. Além disso, o caso expõe as dificuldades enfrentadas para rastrear e acompanhar essas crianças, sobretudo quando surgem problemas de saúde graves e inesperados anos depois.
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Apesar dos avanços na genética e nas técnicas de reprodução assistida, o episódio destaca brechas importantes no sistema de controle e transparência. Assim, especialistas reforçam a necessidade de revisão nas políticas de bancos de sêmen, tanto para proteger os receptores quanto para garantir um acompanhamento mais eficiente das gerações futuras.