Pouco mais de um ano após perder seu companheiro em um trágico acidente no mar, a australiana Ellidy Pullin deu à luz a filha do casal, graças a um delicado e raro procedimento médico realizado poucas horas após a morte do parceiro. A história, que mistura amor, perda e renascimento, comoveu o país e chamou atenção para os debates éticos e legais em torno da fertilização póstuma.
Alex “Chumpy” Pullin, bicampeão de snowboard e um dos principais nomes do esporte na Austrália, morreu aos 32 anos em julho de 2020, vítima de um apagão em águas rasas durante uma pescaria com arpão. Ele era conhecido não apenas pelas conquistas esportivas, mas também pela personalidade carismática e generosa. Naquele dia, mergulhava sozinho, como fazia com frequência, quando não conseguiu voltar à superfície.
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A devastação da perda não impediu que Ellidy, sua parceira de quase uma década, tomasse uma das decisões mais difíceis de sua vida. Ainda sob o choque da notícia, ela autorizou a extração do sêmen de Chumpy dentro do prazo de 36 horas, tempo considerado crítico para preservar a viabilidade dos espermatozoides após a morte.
Embora a técnica já seja conhecida há décadas, casos de sucesso continuam raros. Mesmo assim, Ellidy e sua família se mobilizaram rapidamente para viabilizar o procedimento. Seis meses depois, ela iniciou o processo de fertilização in vitro e, na segunda tentativa, veio a notícia: estava grávida.
A filha, Minnie Alex Pullin, nasceu em outubro de 2021. Segundo Ellidy, a menina carrega traços marcantes do pai — especialmente o olhar, o mesmo que a encantou no dia em que se conheceram, em 2013. O casal já tentava engravidar antes da tragédia e havia considerado tratamentos de fertilidade.
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Durante a gestação e após o nascimento da filha, Ellidy passou a falar publicamente sobre sua experiência. Criou um podcast para abordar não apenas sua jornada pessoal, mas também os aspectos legais, científicos e emocionais do uso de material genético de parceiros falecidos — um tema ainda pouco discutido, mas cada vez mais presente nos avanços da medicina reprodutiva.
A história de Ellidy é marcada por perdas em sequência: além de Chumpy, ela também perdeu o pai, diagnosticado com câncer pouco depois da morte do genro. Ainda assim, ela descreve a maternidade como uma reconstrução possível diante do luto. Hoje, vive com a filha em Queensland e tenta manter viva a memória do companheiro através das histórias, dos sonhos e dos pequenos rituais diários com Minnie, a menina que nasceu do amor e da persistência.