Um caso incomum chamou a atenção da comunidade científica: uma mulher norte-americana com síndrome de Down apresentou sinais biológicos característicos do Alzheimer, mas sem desenvolver a demência normalmente associada à doença. O fenômeno, descrito em um estudo publicado na revista Alzheimer’s & Dementia, desafia o entendimento atual sobre a progressão da condição neurodegenerativa.
O Alzheimer, conhecido por causar declínio cognitivo progressivo, é especialmente prevalente entre pessoas com síndrome de Down, devido à presença extra do cromossomo 21, que contém o gene da proteína beta-amiloide. No entanto, apesar de exames apontarem níveis elevados dessa proteína no cérebro, além de outras alterações típicas da doença, a paciente manteve suas funções cognitivas preservadas até o fim da vida.
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Cientistas buscam entender o que pode ter protegido o cérebro dessa mulher dos efeitos devastadores do Alzheimer. Uma das hipóteses considera o impacto da educação: apesar de ter um QI abaixo da média, ela recebeu ensino especializado, o que pode ter fortalecido sua capacidade cognitiva ao longo da vida.
Outra possibilidade envolve fatores genéticos ainda desconhecidos, que podem ter desempenhado um papel protetor contra a degeneração cerebral. Além disso, os pesquisadores analisam a hipótese de mosaicismo, condição na qual apenas parte das células do organismo possui a trissomia 21. Se confirmado, isso significaria que os efeitos prejudiciais do cromossomo extra foram reduzidos em seu cérebro.
O caso abre novas perspectivas para a pesquisa sobre Alzheimer e pode fornecer pistas valiosas sobre mecanismos naturais de resistência à doença. Caso os cientistas consigam identificar os fatores responsáveis pela proteção cognitiva dessa paciente, as descobertas podem contribuir para o desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas para milhões de pessoas em risco de desenvolver Alzheimer no futuro.