O batalhão invisível que venceu o preconceito e agora entra para a história americana

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Elas cruzaram o oceano para cumprir uma missão essencial em plena Segunda Guerra Mundial. Ignoradas por décadas pela história oficial, as 855 mulheres negras do 6888º Batalhão Postal do Exército dos Estados Unidos estão finalmente recebendo o reconhecimento que lhes foi negado por tanto tempo. Nesta terça-feira, em cerimônia no Capitólio, o grupo será homenageado com a Medalha de Ouro do Congresso, a mais alta honraria civil concedida pelo governo norte-americano.

Conhecida como Six Triple Eight, a unidade foi responsável por solucionar uma crise que afetava diretamente o moral das tropas americanas na Europa: milhões de cartas de soldados e familiares estavam represadas, sem previsão de entrega. Sob pressão, o batalhão surpreendeu ao processar mais de 17 milhões de correspondências em apenas três meses — trabalhando em turnos contínuos e superando as metas iniciais com folga.

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O feito, no entanto, foi ofuscado por uma realidade brutal: racismo e sexismo institucionalizados. As integrantes da unidade, todas afro-americanas, enfrentaram discriminação desde o momento em que se alistaram até o retorno aos Estados Unidos. Mesmo após cumprirem sua missão com excelência na Inglaterra e na França, foram mantidas à margem das celebrações e condecorações da época.

A homenagem desta semana é fruto de uma mobilização que durou anos. Familiares, pesquisadores e legisladores pressionaram o Congresso para reparar a injustiça histórica. A deputada Gwen Moore, uma das responsáveis pela proposta, destacou que a cerimônia representa mais do que uma medalha: é o resgate de uma história silenciada.

Na ocasião, a condecoração será entregue simbolicamente à família da comandante do batalhão, Charity Adams Earley — a primeira oficial negra do Exército norte-americano e líder incontestável da unidade. Hoje, apenas duas veteranas do grupo estão vivas. Uma delas, Fannie Griffin McClendon, de 104 anos, disse estar comovida. “Nunca imaginei algo assim”, afirmou, emocionada.

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Nos últimos anos, o batalhão tem finalmente ganhado projeção. Um monumento em sua homenagem foi inaugurado em 2018, seguido de prêmios e produções audiovisuais que ajudaram a tirar a unidade do esquecimento. Para especialistas, como Kim Guise, do Museu Nacional da Segunda Guerra Mundial, esse tipo de reconhecimento não é apenas simbólico — é um ato de justiça histórica.

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