Após mais de duas semanas de buscas, o corpo do fotógrafo brasileiro Edson Vandeira, de 36 anos, foi localizado neste domingo, 22, nas encostas do Nevado Artesonraju, uma das montanhas mais desafiadoras da Cordilheira Blanca, no Peru. Além de Edson, os guias peruanos Efraín Pretel Álfonzo e Jesús Huerta Picón, que o acompanhavam na escalada, também foram encontrados sem vida.
O trio havia iniciado a expedição no dia 29 de maio, com previsão de retorno em 1º de junho. Desde então, não houve mais contato. As buscas foram realizadas por equipes voluntárias da Associação de Guias de Montanha do Peru (AGMP), com o apoio da polícia local e do Ministério da Defesa peruano. Diante da dificuldade de acesso ao local, um helicóptero foi mobilizado para ajudar na remoção dos corpos.
A confirmação do resgate encerra dias de angústia para as famílias e para a comunidade de montanhistas que acompanhava o caso. Em entrevista ao portal g1, Jackeline Vandeira, irmã de Edson, disse que a família encontra algum consolo no fato de que ele estava em um ambiente que amava. “Ele sempre pertenceu à montanha”, afirmou.
Os três alpinistas eram alunos do Centro de Estudos de Alta Montanha (Ceam) e participavam de um curso para formação de guias reconhecido internacionalmente. Durante a escalada, há indícios de que eles tenham alcançado o cume da montanha, que possui 6.025 metros de altitude. Relatos de outros escaladores que estavam na região indicam que luzes foram vistas na crista da montanha, sugerindo que o acidente pode ter ocorrido durante a descida, considerada uma das etapas mais técnicas da rota, com ao menos quatro sessões de rapel.
Os sinais de alerta começaram quando a barraca usada pelo grupo foi encontrada vazia pela Polícia de Alta Montanha. Diante da demora nas buscas, familiares de Edson mobilizaram uma campanha pública e enviaram uma carta ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil, pedindo maior envolvimento nas operações de resgate. O documento foi assinado por 18 entidades ligadas ao montanhismo e também foi encaminhado ao governo regional de Ancash, no Peru, com pedido de apoio logístico e combustível para as aeronaves de busca.
A confirmação da localização dos corpos traz um desfecho doloroso para uma história que mobilizou a comunidade de montanhismo no Brasil e no Peru.