Um crânio humano foi encontrado no dia 6 de maio às margens da Rodovia dos Imigrantes, em Cubatão (SP), acompanhado de velas, um prato branco e uma carta manuscrita assinada como “Sr. Caveira”. A Polícia Civil trata o caso como morte suspeita e aguarda o resultado da perícia para identificar a vítima e esclarecer as circunstâncias do ocorrido.
A carta, datada de 10 de abril, faz menções a proteção espiritual, orientações para manter segredo e possíveis referências à figura de Exu Caveira, entidade presente em religiões afro-brasileiras. No entanto, líderes religiosos negam qualquer ligação do caso com práticas legítimas do Candomblé ou da Umbanda.
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Investigação em andamento
O crânio foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) de Santos, onde passa por exames antropométricos. A análise visa determinar sexo, idade aproximada, ancestralidade e possível causa da morte.
Segundo o perito criminal Warley Freitas de Lima, o trabalho da perícia começa com uma avaliação detalhada do local, incluindo a busca por vestígios de sangue, objetos com impressões digitais ou outros indícios que possam ajudar a reconstruir a dinâmica do caso. Técnicas como craniometria, análise odontológica e, se necessário, reconstrução facial, podem ser utilizadas. Caso seja possível extrair DNA, o material será comparado com perfis em bancos genéticos ou familiares.
A investigação é conduzida pelo 3º Distrito Policial de Cubatão.
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Debate nas redes e posicionamento de religiões
A cena gerou polêmica nas redes sociais, com comentários preconceituosos associando o episódio a religiões de matriz africana. Em resposta, a Federação de Umbanda e Candomblé do Estado de São Paulo (Fucesp) emitiu nota negando qualquer relação com o caso.
“Jamais vi ou ouvi algo parecido em 50 anos de atuação. Isso não é prática da Umbanda nem do Candomblé”, afirmou o presidente da entidade, Carlos Roberto Salun.
O caso também reacendeu o debate sobre os mortos não identificados no Brasil. O professor Everson Contelli, coordenador do projeto Humanidade 21, que estuda esse fenômeno, alerta para a falta de políticas públicas voltadas à identificação de restos mortais.
“O crânio em Cubatão pode ter sido retirado de um cemitério ou indicar uma morte não registrada. Só a perícia poderá confirmar”, afirmou o pesquisador.