Nova investigação levanta dúvidas sobre assassinato dos Príncipes da Torre

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Uma nova investigação histórica pode reescrever um dos capítulos mais sombrios da monarquia britânica. Liderada pela historiadora Philippa Langley — a mesma que localizou os restos mortais de Ricardo III sob um estacionamento em Leicester, em 2012 — a pesquisa desafia a versão oficial de que os príncipes Eduardo V e Ricardo de Shrewsbury foram assassinados pelo próprio tio em 1483.

Conhecido como o Projeto Príncipes Desaparecidos, o estudo reuniu ao longo de uma década cartas, selos e documentos até então inéditos do século 15, que sugerem que os dois meninos escaparam da Torre de Londres e viveram sob identidades falsas.

Eduardo, de 12 anos, e Ricardo, de 9, desapareceram após serem confinados na Torre, logo após a morte de seu pai, o rei Eduardo IV. A versão tradicional sustenta que eles foram assassinados por ordem de Ricardo III, que assumiu o trono em seguida. No entanto, Langley e sua equipe — que inclui peritos forenses e especialistas em casos arquivados — contestam essa versão.

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Segundo os novos achados, Ricardo III não teria motivos para esconder os corpos caso fosse o responsável, já que exibir cadáveres era uma prática comum para legitimar o poder após um golpe. A ausência de provas concretas na época, diz Langley, levanta dúvidas quanto à autoria do crime.

O projeto ainda aponta uma reinterpretação de dois personagens históricos tidos como impostores: Lambert Simnel e Perkin Warbeck. Langley sugere que, na verdade, tratavam-se dos próprios príncipes sobreviventes. O primeiro teria sido Eduardo V, que foi coroado na Irlanda antes de ser capturado; o segundo, Ricardo de Shrewsbury, que desafiou Henrique VII antes de ser executado.

Ambos confessaram não serem membros da realeza, mas sob circunstâncias que os pesquisadores consideram suspeitas. “Essas confissões foram obtidas em contextos claramente manipulados”, afirma Langley ao The Times. “O ônus da prova agora deve recair sobre quem ainda insiste que Ricardo III foi o assassino.”

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A revelação reacende o debate sobre a legitimidade da monarquia Tudor e sobre a construção de narrativas políticas ao longo da história. Desde que dois esqueletos foram encontrados na Torre de Londres em 1674, acredita-se que eles pertençam aos príncipes — mas a identidade dos ossos nunca foi cientificamente comprovada.

A pesquisa também reacende suspeitas sobre outros possíveis envolvidos no desaparecimento, incluindo o rei Henrique VII, o Duque de Buckingham e Sir James Tyrell, este último acusado sob tortura.

Se confirmadas, as descobertas de Langley podem alterar radicalmente a forma como a história britânica retrata um dos seus episódios mais enigmáticos — e reabilitar a imagem de um rei há séculos demonizado.

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