Arqueólogos do Serviço Arqueológico da Universidade de Leicester (ULAS) fizeram uma descoberta intrigante durante escavações nos jardins da Catedral de Leicester, na Inglaterra. Eles desenterraram um poço vertical estreito que continha os restos mortais de 123 pessoas, incluindo homens, mulheres e crianças. Acredita-se que esses corpos tenham sido enterrados há mais de 800 anos, no início do século 12. O motivo por trás desse sepultamento coletivo, no entanto, ainda é um mistério que intriga os especialistas.
A Catedral de Leicester, erguida há cerca de 900 anos, se destaca como um ponto de intensa relevância histórica. As escavações realizadas no local revelaram vestígios de práticas funerárias variadas e ocupações que datam dos tempos anglo-saxônicos, romanos e até pré-históricos. O enterro em massa, pertencente à comunidade anglo-saxônica, no entanto, impressionou pela forma como os corpos foram dispostos: em três depósitos sucessivos, uns sobre os outros, sugerindo um enterro apressado e desordenado, possivelmente feito por carroças.
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Além disso, o número de corpos também chamou a atenção dos pesquisadores. Estima-se que as pessoas enterradas ali representavam cerca de 5% da população da cidade na época. “Este é o maior enterro em fossa já encontrado na região”, afirmou Mathew Morris, do projeto arqueológico. Para se ter uma ideia, enterros semelhantes são extremamente raros na Inglaterra.
O mistério continua
A hipótese mais debatida é que essas pessoas possam ter sido vítimas da Peste Bubônica, que devastou a Europa entre 1347 e 1351. Contudo, a datação por radiocarbono dos ossos revelou que os corpos datam de mais de 150 anos antes, no início do século 12. Isso levou os especialistas a explorar outras possibilidades. Registros históricos, por exemplo, apontam para surtos de pestilências e febres distintas, além de episódios frequentes de fome e inanição, que poderiam ter causado uma mortalidade em massa na época.
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A descoberta faz parte do projeto Leicester Cathedral Revealed, iniciado há 12 anos, que também levou à localização dos restos mortais do rei Ricardo III. Com a construção de um Centro de Patrimônio e Aprendizagem, portanto, novas escavações continuam a revelar os segredos do passado enterrados sob a catedral.