Qual a origem do misterioso “buraco gigante” que surgiu na Antártida?

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Em 2016, um “buraco gigante” surgiu inesperadamente no gelo do Mar de Weddell, na Antártida, com uma área equivalente à da Suíça. Conhecido como polínia, esse fenômeno chamou a atenção por ser o maior registrado em 40 anos, desafiando explicações iniciais.

A princípio, meteorologistas atribuíram o fenômeno a condições oceânicas anômalas e uma tempestade intensa. Para entender melhor, pesquisadores contaram com uma ajuda inusitada: elefantes-marinhos equipados com sensores. Esses animais coletaram dados essenciais para a investigação.

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Porém, em 2023, uma nova descoberta trouxe mais clareza. A corrente do Giro de Weddell, entre 2015 e 2018, ficou mais forte do que o normal. Isso fez subir à superfície uma camada de água salgada e quente, derretendo o gelo. No entanto, o gelo derretido deveria formar uma camada de água doce na superfície, bloqueando o processo. Algo mais estava acontecendo.

A descoberta

Com os dados dos elefantes-marinhos e flutuadores autônomos, cientistas descobriram que redemoinhos turbulentos levaram o sal para cima. A concentração de sal estabilizou a água na superfície, impedindo a formação de novo gelo. Esse fenômeno ocorreu na face norte da elevação submarina Maud Rise, onde o transporte de Ekman — movimento lateral da água devido ao vento — foi o fator-chave.

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Apesar do aquecimento global não ter causado diretamente a polínia, ele não está completamente desconectado. Sem o gelo, há maior troca de calor e dióxido de carbono entre o oceano e a atmosfera. “A marca deixada pelas polínias pode permanecer na água por muitos anos, alterando a movimentação das correntes e o transporte de calor para o continente”, explicou a professora Sarah Gille, da Universidade da Califórnia.

Desde 2018, as condições para grandes polínias diminuíram. No entanto, a Maud Rise Polínia levanta uma questão intrigante: o que mais a Antártida esconde sob seu manto de gelo? A ciência ainda tem muito a descobrir.