Quase sete anos depois do incêndio que consumiu parte significativa de seu acervo e abalou a memória científica e cultural do país, o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, reabre parcialmente suas portas ao público nesta quarta-feira, 2 de julho. O retorno acontece com a exposição temporária “Entre Gigantes: uma Experiência no Museu Nacional”, que ocupará três espaços restaurados do palácio histórico até 31 de agosto.
Logo na entrada, os visitantes serão recebidos por um velho conhecido: o meteorito Bendegó. A rocha espacial de mais de cinco toneladas, que sobreviveu ao incêndio de 2018, tornou-se símbolo de resistência do museu. Ao lado, uma sala dedicada à história da instituição apresenta detalhes da reconstrução, além de esculturas em mármore de Carrara que escaparam das chamas.
Uma das grandes atrações da mostra é o esqueleto de uma baleia-cachalote com cerca de 16 metros de comprimento, recém-adquirido pelo museu. Suspensa no teto do pátio da escadaria principal, a estrutura dá a sensação de flutuar sobre os visitantes — e caberá ao público escolher o nome do animal, que já é o maior esqueleto em exibição na América do Sul.
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Para a vice-diretora do museu, Andréa Costa, o momento representa mais do que uma retomada simbólica. “A comunidade do museu resistiu com alma, com esforço coletivo, para que este dia chegasse. A reabertura é uma conquista construída com muita dedicação”, declarou em entrevista à Agência Brasil.
Reconstrução segue em curso
Apesar da reabertura, as obras de reconstrução continuam. O projeto total está orçado em R$ 516,8 milhões, dos quais R$ 347,2 milhões já foram captados por meio de verbas públicas e apoio da iniciativa privada. O maior financiamento individual até o momento — R$ 100 milhões — veio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Durante a inauguração, o ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou que o governo federal trabalha para garantir os quase R$ 170 milhões restantes. Ele confirmou negociações com a Petrobras e reiterou o compromisso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a conclusão da obra. “Estamos mobilizando parceiros e bancos públicos para finalizar essa reconstrução. É uma questão de honra e de respeito à nossa história”, afirmou.
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Até agora, 75% das fachadas e 80% dos telhados do antigo palácio foram restaurados, com atenção à preservação das características arquitetônicas originais. Entre as intervenções em andamento estão a ampliação de um prédio anexo, reforço estrutural de vãos e alvenarias, e instalação de sistemas modernos de segurança e drenagem.
A reabertura parcial não apenas devolve parte da experiência museológica ao público, mas também reforça o papel do Museu Nacional como símbolo de resistência e renovação da ciência e da cultura no Brasil.