Entre 1985 e 2024, o Brasil perdeu 111,7 milhões de hectares de áreas naturais — cerca de 13% do território nacional —, segundo levantamento da Coleção 10 do MapBiomas divulgado nesta quarta-feira (13). A área devastada supera a extensão territorial da Bolívia e reflete um avanço acelerado da agropecuária, aliado ao impacto de eventos climáticos extremos.
Quase 80% do país era coberto por vegetação nativa em 1985. Hoje, esse índice caiu para 65%, enquanto as áreas destinadas à agropecuária saltaram para 32%. As florestas lideram as perdas, com 62,8 milhões de hectares a menos (queda de 15%), seguidas pelo Cerrado, que perdeu 37,4 milhões de hectares (redução de 25%).
++ Colírio capaz de corrigir visão turva é aprovado nos EUA; saiba os valores
O estudo aponta transformações profundas no uso da terra: as pastagens cresceram 68% (62,7 milhões de hectares adicionais) e a agricultura avançou 236% (mais 44 milhões de hectares). Em 1985, apenas 47% dos municípios tinham a agropecuária como uso predominante; hoje, são 59%.
O desmatamento seguiu ciclos distintos:
- 1985-1994 – avanço intenso para formação de pastagens, com 36,5 milhões de hectares convertidos; crescimento urbano em 30% dos municípios.
- 1995-2004 – pico da conversão para agropecuária, afetando 44,8 milhões de hectares; só na Amazônia, o “arco do desmatamento” respondeu por 21,1 milhões.
- 2005-2014 – ritmo mais lento, com 17,6 milhões de hectares convertidos; no Cerrado, a região do Matopiba concentrou 80% do desmatamento.
++ Canadense sobrevive 9 dias perdido em floresta e é salvo após escrever pedido de socorro em pedra
Além disso, o país perdeu 11,9% das áreas alagadas e úmidas, o equivalente a 100 mil km², com destaque para os impactos no Pantanal. O levantamento reforça a necessidade de políticas públicas que conciliem produção e preservação, ampliando a restauração de áreas degradadas e a proteção dos biomas ainda intactos.
