Brasileira fatura cerca de R$4 milhões como líder da “Máfia do Uber” nos EUA

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Priscila Barbosa, de 37 anos, acumulou US$ 780 mil (aproximadamente R$ 4 milhões) integrando a “Máfia do Uber”. Com 19 membros, o grupo falsificava contas de Uber, Lyft e DoorDash, alugando perfis ilegais para imigrantes. Após cumprir dois anos, seis meses e oito dias de prisão, Barbosa revelou detalhes de sua jornada em entrevista ao UOL.

Chegando aos EUA em 2018 com um visto de turista, Priscila enfrentou dificuldades para conseguir emprego devido ao status de imigrante ilegal. Inicialmente, trabalhou com delivery de comida saudável. Sua vida mudou drasticamente quando seu contato desapareceu, deixando-a sem apoio. “Encontrei ele tempos depois. Ele ficou assustado, mas não conversamos. Ele havia dito que me ajudaria, que eu poderia ficar na casa dele até me estabilizar”, relatou.

Barbosa conseguiu uma conta ilegal do Uber, que usou por um ano. Com o tempo, ela assumiu a operação, ajudando outros imigrantes a alugar contas. Formada em sistemas e engenharia social no Brasil, Priscila utilizou seus conhecimentos para burlar as plataformas. “Conversando com outras pessoas que faziam o mesmo, um deles brincou que me saí melhor que o professor”, lembrou. Com ganhos de mais de R$ 55 mil por mês, Priscila comprava dados na dark web e alugava contas por US$ 250 por semana para imigrantes.

Em 7 de maio de 2021, o FBI desarticulou o grupo, levando à prisão de Priscila. Sem remorsos, ela afirmou: “Eu enxergo o que fiz como uma forma de ajudar imigrantes. Um crime praticamente sem vítimas.” No dia da prisão, os agentes elogiaram seu apartamento. “O policial elogiou meu apartamento. Acho que ele teve empatia e quis me fazer sentir melhor”, contou.

Durante a pandemia, Priscila foi colocada em isolamento por 14 dias. “Nos primeiros 14 dias, por causa da Covid, tive que ficar numa sala de quarentena, 23 horas por dia, no que eles chamam de ‘buraco’”, relembrou. Ao longo dos anos de pena, passou por cinco complexos, onde encontrou muitas mulheres latinas. “Me chamavam de princesinha porque eu não fazia o padrão das pessoas presas”, disse.

De baixa estatura, Priscila ganhou respeito na prisão ao se tornar chefe de cozinha, preparando tacos e frango grelhado com seu toque pessoal. “Os funcionários da prisão apareciam na janela da cozinha pedindo para eu fazer panquecas”, contou.

Liberta em 16 de novembro de 2023, Priscila comemorou com taças de champagne francesa. “Comemoramos com Veuve Clicquot”, destacou. A maior parte de sua fortuna foi confiscada pela Justiça, incluindo US$ 60 mil em bitcoins. Planejando recomeçar, ela considera abrir uma loja online de acessórios. Conseguiu o Green Card através de um casamento, agora terminado, e trabalha como tradutora independente e colaboradora em uma empresa de construção civil, recebendo cerca de US$ 1.800 por semana. Atualmente, ela entrou com um pedido de asilo nos Estados Unidos.

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