O ativista brasileiro Thiago Ávila, preso pela marinha israelense ao participar de uma expedição em direção à Faixa de Gaza, entrou em greve de fome enquanto permanece detido em Israel. A informação foi confirmada pela Coalizão Flotilha da Liberdade (FFC), organizadora da missão internacional. Segundo a ONG, Ávila iniciou o protesto às 4h da manhã de terça-feira, 10 (22h de segunda no horário de Brasília), em reação às condições de encarceramento.
Ávila estava a bordo de uma embarcação com outros 11 ativistas, entre eles a sueca Greta Thunberg, em uma tentativa de desafiar o bloqueio naval imposto por Israel ao território palestino desde 2007. A missão foi interceptada pela marinha israelense na madrugada de segunda-feira, 9, após dias em alto-mar desde a saída da Itália.
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Diplomacia e resistência
Em entrevista, o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, afirmou que Thiago Ávila e outros sete ativistas ainda estão detidos por se recusarem a assinar os documentos de deportação. Greta Thunberg, ao contrário, teria aceitado os termos e já retornou à Suécia. “O objetivo deles era chamar atenção, fazer uma provocação — e parece que conseguiram, porque todos estão falando sobre isso”, declarou o embaixador.
Apesar da resistência, Zonshine disse que o processo de deportação deve acontecer “o mais rápido possível”, respeitando os trâmites legais do país. A legislação israelense permite a expulsão de estrangeiros que entram ilegalmente no território após 72 horas de detenção.
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Más condições e nova audiência
A Coalizão Flotilha da Liberdade denunciou publicamente as condições do cárcere, relatando celas infestadas de percevejos e fornecimento de água imprópria para o consumo. A entidade também afirmou que os ativistas detidos não representam ameaça e estavam com uma quantidade simbólica de ajuda humanitária, reforçando o caráter pacífico da ação.
Na noite de terça-feira, 11, um tribunal israelense decidiu manter Thiago Ávila e os demais detidos sob custódia até uma nova audiência, marcada para o dia 8 de julho. Até lá, a defesa tenta impedir a deportação forçada e garantir a integridade dos ativistas.
O caso reacende os debates sobre a legitimidade do bloqueio à Faixa de Gaza e o papel de organizações internacionais em missões humanitárias nas zonas de conflito.