Após conviver por mais de 20 anos com depressão profunda e crises constantes de ansiedade, a administradora Lorena Rodríguez, de 37 anos, conseguiu recuperar o controle da própria vida. Esse avanço só foi possível graças a uma cirurgia pioneira realizada em abril, em Bogotá, que representou um marco no tratamento de distúrbios do humor.
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O procedimento foi conduzido pelo neurocirurgião colombiano William Contreras. Ele implantou quatro eletrodos em regiões específicas do cérebro responsáveis pela regulação emocional. Até aquele momento, a ciência não havia registrado uma abordagem semelhante para pacientes com histórico semelhante ao de Lorena.
“Era como se eu apenas existisse, sem realmente viver. Estava sempre tomada por um vazio, uma tristeza constante e uma ansiedade que não cessava, mesmo em momentos alegres”, declarou Lorena em entrevista ao g1. Suas palavras evidenciam a intensidade do sofrimento enfrentado antes da cirurgia.
A conexão com o médico aconteceu de maneira inesperada. Ao acompanhar sua sobrinha em uma consulta neurológica, Lorena descobriu que Contreras também atuava no tratamento de transtornos psiquiátricos graves. Assim, em dezembro de 2024, ela entrou em contato com o especialista e compartilhou toda a sua trajetória de dor e resistência.
Durante a cirurgia, os eletrodos foram inseridos em duas áreas fundamentais. O subgênuo do córtex cingulado (SCG25), relacionado a emoções intensas como a tristeza persistente, e o braço anterior da cápsula interna, região que conecta áreas cognitivas a centros emocionais profundos, como o núcleo accumbens.
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O caso não se limitou apenas à recuperação pessoal de Lorena. Ele também abriu novas possibilidades de tratamento para transtornos psiquiátricos resistentes. Dessa forma, passou a ser considerado um marco na medicina neurológica da América Latina, sobretudo pelo potencial de transformar vidas antes aprisionadas por doenças emocionais severas.