Creche chinesa envenena 235 crianças com tinta industrial e escândalo expõe fraude e corrupção local

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Um escândalo de saúde pública abalou a cidade de Tianshui, na província de Gansu, na China, após 235 crianças de um jardim de infância serem diagnosticadas com envenenamento por chumbo. A contaminação foi causada pela adição de tinta industrial — imprópria para consumo humano — às refeições servidas na creche, usada com o objetivo de tornar os pratos visualmente mais atrativos.

Seis pessoas foram presas nesta terça-feira (22), incluindo a diretora da instituição e funcionários responsáveis pela manipulação dos alimentos. Outros 27 indivíduos, entre autoridades locais, membros do hospital municipal e representantes de órgãos de fiscalização, também são alvos de investigação. A informação foi divulgada após um relatório oficial elaborado por um comitê do Partido Comunista apontar graves falhas de supervisão, tentativa de encobrimento e até adulteração de exames médicos.

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A decisão de utilizar pigmentos tóxicos partiu da própria direção da creche, com o intuito de atrair mais alunos. Segundo as autoridades, o cozinheiro da unidade adquiriu os corantes pela internet, ignorando alertas visíveis na embalagem que classificavam o produto como não comestível. Testes laboratoriais revelaram que os níveis de chumbo nos pigmentos eram até 400 mil vezes superiores ao limite legal.

As crianças intoxicadas apresentaram sintomas como dores abdominais, náuseas e escurecimento nos dentes. Todas foram hospitalizadas, e até o momento, apenas uma continua internada. Funcionários da creche, incluindo a diretora, também apresentaram altos níveis de chumbo no sangue.

Além das irregularidades dentro da instituição, o caso expôs falhas graves de fiscalização. A creche operava sem licença válida e não era submetida a inspeções regulares. O relatório oficial sugere que houve pagamento de propina a autoridades locais para garantir o funcionamento da unidade sem os devidos controles sanitários.

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A crise também teve repercussão nas ruas. No domingo (21), um protesto de pais em frente à creche terminou em confronto com a polícia. Em nota, o governo da província de Gansu classificou o episódio como “inaceitável” e pediu desculpas às famílias afetadas.

O caso acende um alerta sobre a fragilidade dos mecanismos de vigilância sanitária e educação infantil em regiões mais afastadas dos grandes centros chineses, revelando um sistema vulnerável à negligência e à corrupção.

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