Dois homens contraem parasita raro após transplante de rins nos EUA

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Dois pacientes norte-americanos desenvolveram uma infecção parasitária grave após receberem rins de um mesmo doador, conforme revela um estudo publicado no New England Journal of Medicine. O caso raro chama atenção para os riscos invisíveis por trás dos transplantes de órgãos, mesmo com rigorosos protocolos de segurança.

As cirurgias ocorreram em dois hospitais diferentes — o Massachusetts General Hospital (MassGen) e o Albany Medical Center. Pouco tempo após o procedimento, os pacientes começaram a apresentar sintomas incomuns, incluindo febre, desconforto abdominal, falta de ar e manchas roxas na pele. Em um dos casos, o quadro evoluiu para falência respiratória e choque circulatório, levando à internação em UTI.

Após uma série de exames e descartadas infecções bacterianas e virais, os médicos começaram a suspeitar de uma causa parasitária. A suspeita se confirmou quando foi identificado o Strongyloides stercoralis, um verme microscópico que pode permanecer latente no corpo por anos e se espalhar de forma agressiva em pacientes imunossuprimidos — como aqueles que passam por transplantes.

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A investigação apontou que o doador dos rins havia morado no Caribe, onde o parasita é endêmico. Análises laboratoriais posteriores detectaram anticorpos contra o Strongyloides no sangue do doador, indicando infecção pré-existente. Nenhum dos receptores apresentava sinais de contato com o parasita antes da cirurgia, o que confirma a transmissão pelo órgão transplantado.

O paciente tratado em Boston foi medicado com ivermectina por via subcutânea, uma abordagem emergencial para conter a infecção já disseminada. Ele se recuperou após o tratamento intensivo. O alerta emitido ao Albany Medical Center permitiu que o segundo paciente fosse diagnosticado a tempo e também recebesse o tratamento adequado, evitando complicações mais graves.

Casos de infecção por parasitas por meio de transplantes são extremamente incomuns. De acordo com autoridades de saúde dos EUA, apenas 14 em cada 10 mil transplantes realizados nos últimos dez anos resultaram em transmissão de infecções pelo doador. Entre essas, a infecção por Strongyloides foi responsável por cerca de 40% dos casos parasitários documentados.

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O episódio reacendeu o debate sobre a necessidade de testagens mais amplas. Até recentemente, menos de um quarto das organizações de transplantes nos EUA realizavam triagens regulares para esse parasita. Mas, em 2023, a Rede de Procura e Transplante de Órgãos recomendou a triagem universal para doadores com risco de exposição.

Apesar do susto, os especialistas reforçam que transplantes continuam sendo procedimentos seguros e essenciais para salvar vidas. “A comunicação entre equipes médicas e a rápida coordenação entre os centros envolvidos foram cruciais para identificar e conter o problema”, declarou um porta-voz do Albany Medical Center.

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