Os recifes de corais, fundamentais para a biodiversidade marinha e para a proteção natural das zonas costeiras, podem estar com os dias contados no Oceano Atlântico. Um estudo publicado na revista Nature alerta que a elevação contínua da temperatura global ameaça a sobrevivência desses organismos — e o cenário é crítico: até 2040, todos os corais da região podem desaparecer.
No modelo mais otimista, se o aquecimento não ultrapassar 2 ºC em relação à era pré-industrial, cerca de 70% dos recifes já devem apresentar mortalidade significativa nos próximos 15 anos. Caso contrário, até 99% das formações estarão em risco de extinção.
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Sensibilidade extrema ao clima
Os cientistas destacam que os corais são altamente vulneráveis a doenças, mudanças no pH da água, aquecimento das correntes marinhas e à frequência de eventos de branqueamento. Como cerca de 25% da vida marinha depende diretamente desses recifes, o impacto pode desencadear desequilíbrios em toda a cadeia ecológica. Além disso, mais de um bilhão de pessoas no mundo se beneficiam economicamente desses ecossistemas.
Chris Perry, da Universidade de Exeter, explicou ao The New York Times que a maioria dos recifes já não terá condições de crescer:
“No cenário atual, os recifes não apenas deixarão de se expandir, mas muitos estarão em erosão já em meados do século.”
Risco ampliado com o aumento do nível do mar
As previsões também levam em conta a elevação dos oceanos. Com o nível do mar subindo e os recifes em declínio, as regiões costeiras tendem a ficar mais expostas a inundações e erosões. Caso o aquecimento global alcance 1,3 ºC acima da era pré-industrial, estima-se que o mar suba de 30 a 50 centímetros até 2060. Se a temperatura superar 2 ºC, o aumento pode variar de 70 centímetros a 1,2 metro.
Lorenzo Alvarez-Filip, coautor do estudo, destacou que já é possível observar queda na diversidade e na abundância dos recifes no Atlântico, consequência direta da elevação das temperaturas globais.
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Restauração com efeito limitado
Projetos de restauração de corais, embora necessários, não serão capazes de conter totalmente os impactos do aquecimento. As estimativas apontam que, mesmo com esforços de recuperação, a redução da profundidade da água sobre os recifes seria de apenas 30 a 40 centímetros, insuficiente para neutralizar o efeito do aumento do nível dos mares.