O ex-presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, protagonizou uma cena inusitada ao se recusar a prestar depoimento durante interrogatório no Centro de Detenção de Seul, onde está recluso desde o início de julho. Vestindo apenas uma cueca fornecida pela prisão e uma regata, Yoon deitou-se no chão da cela e se recusou a cooperar com os promotores, alegando problemas de saúde.
O episódio ocorreu na quinta-feira (31), frustrando os planos da equipe de investigação. Segundo o promotor Oh Jeong-hee, o comportamento do ex-chefe de Estado impossibilitou a continuidade dos questionamentos. A Justiça sul-coreana, no entanto, já afirmou que poderá adotar medidas mais firmes caso a postura se repita.
A defesa do ex-presidente reagiu com indignação à divulgação pública dos detalhes da cena. O advogado Yoo Jeong-hwa criticou duramente o vazamento de informações. “Que tipo de sistema legal transmite à imprensa o que um detento veste numa cela superlotada, com temperaturas próximas aos 40 ºC?”, declarou à agência AFP.
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Segundo os advogados, Yoon enfrenta “desafios significativos de saúde” desde que retornou à prisão, o que justificaria sua dificuldade em participar das diligências.
Acusações graves
Yoon Suk Yeol responde a acusações severas, incluindo tentativa de insurreição e manipulação eleitoral. Em dezembro do ano passado, ele teria ordenado a imposição da lei marcial e o envio de tropas ao Parlamento para impedir a revogação da medida. A ordem mergulhou o país em uma grave crise política, revertida horas depois diante da pressão institucional.
Em janeiro, Yoon foi preso pela primeira vez, sendo destituído da presidência três meses após o episódio. A operação de captura contou com mais de 3 mil agentes e enfrentou resistência de aliados políticos. Em março, ele foi libertado por decisão judicial que apontou irregularidades no processo. Entretanto, retornou à prisão no último mês, após novo mandado de prisão ser expedido sob alegação de risco de destruição de provas.
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Atualmente, o ex-presidente cumpre detenção provisória em uma cela de 10 metros quadrados, sem ar-condicionado. Dorme no chão, usa uniforme cáqui e conta apenas com um ventilador que se desliga automaticamente à noite — cenário que contrasta com os 164 metros quadrados de seu antigo apartamento.
Apesar da defesa alegar perseguição política, a Justiça sul-coreana mantém o entendimento de que a permanência de Yoon na prisão é necessária para o avanço das investigações.