A recente libertação de 90 prisioneiros palestinos, parte de um cessar-fogo envolvendo a Faixa de Gaza, trouxe à tona graves denúncias de abusos em prisões israelenses. Apesar da alegria de voltar às suas comunidades, os ex-detentos relataram episódios de tortura, negligência médica e condições insalubres enfrentadas durante o período de encarceramento.
Entre os relatos, Thaer Abu Sara, de 17 anos, afirmou ter sido submetido a choques elétricos e espancamentos constantes, além de falta de assistência médica. “Eles nos batiam diariamente e não forneciam comida suficiente”, contou o jovem. Outros ex-detentos confirmaram padrões similares de tratamento desumano, frequentemente relatados por organizações de direitos humanos.
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Khalida Jarrar, uma conhecida figura política palestina que esteve sob detenção administrativa — prática que permite prisões sem acusação formal —, também destacou a precariedade do sistema prisional, mencionando a ausência de cuidados médicos adequados.
As famílias dos libertados vivem agora sob o temor de novas detenções, enquanto as restrições impostas pelas autoridades israelenses, como a proibição de celebrações públicas, mantêm um clima de incerteza.
As autoridades israelenses negam consistentemente as alegações de tortura e maus-tratos. Em nota ao jornal Independent, o Serviço Prisional Israelense afirmou: “Todos os prisioneiros são detidos conforme a lei, com seus direitos básicos garantidos por guardas treinados profissionalmente.”
Entretanto, organizações internacionais e palestinas de direitos humanos têm documentado casos de abusos, reforçando as denúncias dos ex-detentos. A dificuldade em registrar queixas ou obter investigações efetivas sobre os relatos é frequentemente mencionada como um obstáculo para a responsabilização das práticas denunciadas.
As acusações reacendem o debate sobre as condições de detenção de palestinos e o impacto de políticas israelenses nas relações entre os dois povos, destacando a necessidade de maior fiscalização e garantias de direitos humanos.