Uma nova ação do governo Trump provocou forte reação de especialistas em saúde nos Estados Unidos. O Departamento de Saúde divulgou um relatório extenso, com mais de 400 páginas, colocando em xeque a segurança de tratamentos hormonais e cirúrgicos voltados a adolescentes transgêneros.
Divulgado sem a assinatura dos autores, o documento alerta para possíveis efeitos colaterais das terapias de afirmação de gênero, incluindo infertilidade, problemas ósseos e cardiovasculares, alterações cognitivas e complicações cirúrgicas. A publicação ocorre em meio ao endurecimento da postura da administração republicana em relação a questões de identidade de gênero, incluindo restrições ao serviço militar por pessoas trans.
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O diretor dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH), Jay Bhattacharya, afirmou que o país tem o dever de proteger crianças de intervenções “irreversíveis e ainda não testadas”. A declaração reforça a retórica adotada por setores conservadores que buscam barrar avanços na oferta de cuidados médicos a essa população.
Entretanto, profissionais da saúde criticaram duramente o conteúdo e o contexto da publicação. Para a médica Aisha Mays, da organização Physicians for Reproductive Health, o relatório não passa de um instrumento político para enfraquecer tratamentos reconhecidos e embasados cientificamente. “É uma tentativa de desacreditar práticas médicas seguras e eficazes”, afirmou.
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Levantamentos recentes mostram que os tratamentos hormonais são raramente acessados por menores nos EUA. De acordo com dados da Jama Pediatrics, menos de 0,1% dos jovens com plano de saúde privado utilizaram esse tipo de terapia entre 2018 e 2022.
Enquanto o debate se acirra, especialistas reforçam que decisões sobre a transição de gênero em adolescentes devem ser feitas com acompanhamento multidisciplinar, respeito à autonomia e base científica — elementos que, segundo críticos, o novo relatório ignora.