Um estudo recente trouxe à tona uma revelação surpreendente: o centro histórico de Salvador pode abrigar um dos maiores cemitérios de pessoas escravizadas do Brasil. O terreno, atualmente usado como estacionamento da Santa Casa de Misericórdia da Bahia, teria recebido mais de 100 mil sepultamentos, conforme estimativas de especialistas.
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A investigação, conduzida pela arquiteta e urbanista Silvana Olivieri, doutoranda da Universidade Federal da Bahia (UFBA), utilizou uma metodologia inovadora. A pesquisadora combinou mapas do século XVIII com imagens de satélite contemporâneas e, assim, conseguiu localizar o espaço como um provável ponto de enterros coletivos durante o período colonial.
Além disso, a comparação entre registros antigos e o traçado urbano atual ajudou a confirmar indícios de que o local servia como área de sepultamento para pessoas escravizadas que não tinham direito aos cemitérios oficiais. Essa descoberta reforça a necessidade de revisitar a história urbana de Salvador sob novas perspectivas. Afinal, compreender essas camadas ocultas do passado é essencial para reconhecer as marcas deixadas pela escravidão na formação social da cidade.
Ademais, o estudo evidencia a urgência de preservar e valorizar locais que carregam memórias de dor e resistência, evitando que se percam sob o avanço da modernização urbana.
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Conforme Silvana destaca, cada metro daquele solo representa uma parte esquecida da história brasileira. Nesse sentido, o trabalho da pesquisadora estimula debates sobre patrimônio, identidade e reparação histórica. Acima de tudo, a descoberta no coração de Salvador convida à reflexão sobre como o passado molda o presente, lembrando que a memória coletiva é um alicerce indispensável para uma sociedade mais justa e consciente.
