A Jamaica intensificou sua campanha por justiça reparadora relacionada à escravidão, solicitando formalmente ao rei Charles reparações pelos danos causados pelo tráfico transatlântico de escravos. Durante a recente cúpula da Comunidade do Caribe (Caricom), o primeiro-ministro jamaicano, Andrew Holness, anunciou que o país recebeu amplo apoio de outros membros da região para essa petição histórica.
A solicitação é para que o rei utilize sua autoridade para obter aconselhamento jurídico do Comitê Judicial do Conselho Privado de Londres, que serve como instância final de apelação para territórios britânicos ultramarinos e alguns países da Commonwealth. O objetivo é determinar se o tráfico forçado de africanos para a Jamaica foi um crime contra a humanidade e se a Grã-Bretanha tem a obrigação legal de oferecer reparação, considerando os danos duradouros resultantes da escravidão.
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O comércio transatlântico de escravos, que resultou no transporte forçado de mais de 12,5 milhões de africanos para as Américas, teve um impacto profundo na Jamaica, onde muitos foram vendidos como escravos.
Holness descreveu a petição como um passo audacioso em direção à justiça, ressaltando a importância do trabalho do deputado jamaicano Mike Henry, responsável pela resolução aprovada no parlamento. O movimento foi descrito como um “momento decisivo para o Caricom e para o movimento global por justiça reparatória”. Se bem-sucedida, a petição poderia estabelecer que o Reino Unido tem a obrigação legal de fornecer reparações à Jamaica e ao seu povo.
A ministra da Cultura da Jamaica, Olivia “Babsy” Grange, que anunciou a petição em junho, afirmou que essa ação teria um impacto duradouro nas iniciativas regionais por reparação. Grange destacou a colaboração entre os países caribenhos e a unidade demonstrada na busca por justiça.
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O apoio à causa também foi reiterado por outros líderes caribenhos. Ralph Gonsalves, primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, enfatizou a responsabilidade do Caribe em abordar as reparações pelo genocídio dos nativos e pela escravização de africanos. Ele também mencionou a inclusão do tema na próxima cúpula África-Caricom, marcada para setembro na Etiópia.
Gaston Browne, primeiro-ministro de Antígua e Barbuda, destacou a questão como um movimento por justiça, ressaltando a exploração dos antepassados e o impacto negativo que a escravidão teve no desenvolvimento econômico e social da região.
O premier das Ilhas Virgens Britânicas, Natalio Wheatley, também expressou apoio à iniciativa da Jamaica, parabenizando o Caricom por avançar com o tema, apesar das resistências encontradas no Reino Unido, onde algumas figuras, incluindo jornalistas, tentam descreditar a ideia de reparações.