O cineasta canadense James Cameron voltou a expressar preocupação com os rumos do desenvolvimento da inteligência artificial. Em entrevista à Rolling Stone, o criador da franquia O Exterminador do Futuro alertou que o uso da IA em contextos militares pode resultar em um cenário distópico semelhante ao retratado em seus filmes.
“Existe o perigo de um apocalipse ao estilo do Exterminador do Futuro, em que se junta a IA com sistemas de armas — até mesmo nucleares — e sistemas de contra-ataque. Com janelas de decisão tão curtas, seria necessária uma superinteligência para processar tudo, e talvez sejamos espertos o suficiente para manter um humano informado”, disse Cameron. “Mas os humanos são falíveis”, completou.
Segundo ele, o mundo vive hoje um ponto crítico de sua história, com três ameaças existenciais convergindo ao mesmo tempo: mudanças climáticas, armamentos nucleares e o avanço da inteligência artificial.
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“Todas elas estão atingindo o ápice. Talvez a superinteligência seja a resposta, mas também pode ser o gatilho”, afirmou.
Na franquia O Exterminador do Futuro, iniciada em 1984, uma IA chamada Skynet assume o controle de sistemas de defesa e inicia uma guerra contra a humanidade, promovendo um holocausto nuclear. Embora tal cenário ainda esteja distante da realidade, o avanço de tecnologias bélicas baseadas em algoritmos levanta preocupações em diversas áreas.
Apesar das ressalvas, Cameron utiliza inteligência artificial em seus projetos audiovisuais. O cineasta é membro do conselho da Stability AI desde 2023 e defende o uso da tecnologia para acelerar processos de produção e reduzir custos — mas sem substituir o trabalho humano criativo.
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“Não acredito que uma mente desencarnada, que apenas regurgita o que outras mentes humanas disseram, vá criar algo que realmente emocione o público. É preciso ser humano para isso”, disse.
Cameron, que também dirigiu sucessos como Avatar e Titanic, tem se posicionado com frequência sobre temas ligados à ética e ao futuro da tecnologia, especialmente no que diz respeito aos riscos de se automatizar decisões que envolvem vidas humanas.