A Justiça russa condenou nesta segunda-feira (30) o autoproclamado “Jesus da Sibéria” a 12 anos de prisão. Sergei Torop, de 64 anos, liderava uma seita religiosa com milhares de seguidores e foi considerado culpado por abusar psicologicamente de fiéis, além de extorquir dinheiro e provocar danos à saúde física e mental de membros da comunidade.
Torop, ex-policial de trânsito que se reinventou como líder espiritual sob o nome de “Vissarion”, fundou a chamada Igreja do Último Testamento em 1991, ano do colapso da União Soviética. Com discurso messiânico, visual semelhante às representações tradicionais de Jesus — barba e cabelos longos — e pregações sobre uma vida sem carne, álcool, cigarro ou dinheiro, ele atraiu seguidores para uma comunidade isolada na Sibéria, batizada de “Morada do Amanhã”.
O grupo se estabeleceu na região remota de Krasnoyarsk, onde Torop comandava com autoridade absoluta. Mas investigações conduzidas pelo Comitê Investigativo da Rússia e pelo FSB (sucessor da KGB) apontaram que, por trás da fachada religiosa, havia manipulação emocional, exploração financeira e sérios prejuízos à integridade dos seguidores.
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Além de Torop, outros dois líderes do grupo foram condenados: Vladimir Vedernikov também recebeu 12 anos de prisão, enquanto Vadim Redkin foi sentenciado a 11 anos. Todos deverão cumprir pena em colônias penais de segurança máxima. A Justiça ainda determinou o pagamento de uma indenização de 40 milhões de rublos (cerca de R$ 2,7 milhões) às vítimas por danos morais.
O tribunal de Novosibirsk, na Sibéria, concluiu que 16 pessoas sofreram danos psicológicos significativos dentro da comunidade. Seis delas tiveram lesões corporais graves e uma apresentou danos moderados à saúde. Apesar das condenações, os réus negam todas as acusações.
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Torop foi preso em 2020, durante uma operação envolvendo tropas armadas e helicópteros, o que evidenciou a gravidade com que o governo tratou o caso. A seita, que floresceu durante anos em meio ao vazio ideológico pós-soviético, agora enfrenta o desmonte de sua liderança sob a força da Justiça russa.