Atualizações flexibilizam diretrizes e permitem publicações que associem identidade de gênero e orientação sexual a questões de saúde mental, gerando críticas sobre possível incentivo ao discurso de ódio.
A Meta, empresa responsável por plataformas como Facebook, Instagram e Threads, atualizou suas diretrizes de uso, permitindo publicações que vinculam identidade de gênero ou orientação sexual a transtornos mentais. A mudança, válida globalmente, foi anunciada como parte de um esforço para ampliar os debates “culturais e políticos”, segundo a própria companhia.
Entre as alterações, destacam-se a flexibilização de regras sobre temas sensíveis, como imigração e gênero. Conteúdos que antes eram removidos por violarem políticas de combate ao discurso de ódio agora poderão ser mantidos caso sejam classificados como discussões relacionadas a crenças religiosas ou culturais.
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Especialistas apontam que as novas diretrizes podem ampliar o espaço para manifestações preconceituosas contra grupos vulneráveis, como a população LGBTQIAPN+. No Brasil, esse tipo de discurso já é reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como crime de homotransfobia ou injúria racial, o que pode gerar conflitos entre as políticas da Meta e a legislação local.
A Meta também anunciou a flexibilização de filtros e o fim do trabalho de verificadores independentes em conteúdos relacionados a gênero e imigração. Outra mudança polêmica é a permissão para defender restrições de gênero ou orientação sexual em determinadas profissões, como no ensino e em forças armadas, desde que os argumentos sejam baseados em crenças religiosas.
As alterações foram interpretadas como um movimento estratégico alinhado ao cenário político dos Estados Unidos. Analistas sugerem que a Meta busca adotar uma postura mais permissiva, semelhante à do X (antigo Twitter) sob Elon Musk, permitindo maior tolerância a conteúdos radicalizados.
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Andréa Janer, especialista em tecnologia e CEO da consultoria Oxygen, acredita que as decisões da Meta refletem um possível alinhamento com grupos conservadores nos Estados Unidos, especialmente diante da influência política de figuras como Donald Trump.
Mesmo com as flexibilizações, a Meta afirma que continuará restringindo discursos considerados graves, como comparações desumanizantes, negação do Holocausto e insultos diretos à aparência ou caráter de indivíduos. A empresa, no entanto, enfrenta uma crescente pressão para equilibrar a liberdade de expressão com a proteção de grupos vulneráveis.
O debate em torno das novas diretrizes destaca as complexidades envolvidas na moderação de conteúdo em redes sociais e seus impactos sobre o comportamento online e offline.