Irmgard Furchner, que integrou o corpo administrativo do campo de concentração de Stutthof durante o período nazista, morreu aos 99 anos, na Alemanha. O falecimento foi confirmado por autoridades locais e encerra um dos últimos processos contra colaboradores vivos do regime de Adolf Hitler.
Furchner atuou como secretária do comandante da SS entre 1943 e 1945, em um dos campos de concentração mais brutais da Segunda Guerra Mundial. Apesar de não ter exercido funções diretamente relacionadas aos assassinatos, a Justiça alemã considerou sua participação como essencial para o funcionamento da máquina de extermínio, que vitimou entre 63 mil e 65 mil pessoas.
Em 2022, ela foi condenada por cumplicidade no assassinato de 10.505 prisioneiros, além da tentativa de homicídio em outros cinco casos. No julgamento, a corte afirmou que sua atuação no gabinete do comandante contribuiu “deliberadamente” para os crimes cometidos, incluindo mortes por gaseamento, deportações para Auschwitz, fuzilamentos e condições extremas de sobrevivência.
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A defesa alegava que ela apenas executava tarefas administrativas e que desconhecia o que realmente acontecia nos bastidores do campo. Contudo, o Tribunal Federal de Justiça da Alemanha rejeitou o recurso em 2024 e manteve a condenação, reiterando que o trabalho de Furchner sustentava a estrutura operada pelo regime nazista.
O caso ganhou repercussão internacional também pelo episódio inusitado em que Furchner tentou escapar do julgamento. Em 2021, ela deixou o asilo onde vivia, pegou um táxi até uma estação de trem, mas foi localizada pouco depois. A tentativa de fuga atrasou o início do processo em alguns dias.
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Embora tenha vivido por décadas longe dos holofotes, sua história veio à tona como um dos últimos capítulos do esforço da Justiça alemã em responsabilizar colaboradores do Terceiro Reich. A morte de Furchner, ocorrida em 14 de janeiro e confirmada recentemente, encerra um caso emblemático da responsabilização tardia de pessoas envolvidas com o regime nazista.
