A atriz Dorinha Duval, uma das figuras mais marcantes da televisão brasileira nos anos 1970, morreu nesta quarta-feira (21), aos 96 anos. Ela ficou eternizada como a primeira intérprete da Cuca, na versão original do Sítio do Picapau Amarelo exibida pela TV Globo em 1977, e como a inesquecível Dulcinéia, uma das irmãs Cajazeiras de O Bem Amado (1973).
O falecimento foi confirmado por sua filha, a também atriz Carla Daniel, por meio das redes sociais.
“É com tristeza, mas alívio, que nos despedimos. Mãe, avó, amiga e que nos trouxe bons momentos de alegria para o público brasileiro. Te amo”, escreveu Carla.
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Da ribalta ao silêncio
Nascida Dorah Teixeira, Dorinha Duval começou a carreira como vedete, cantora e apresentadora. Ganhou destaque nas primeiras telenovelas da Globo, com atuações marcantes em sucessos como Irmãos Coragem (1970), Minha Doce Namorada (1971), Selva de Pedra (1972) e O Bem Amado.
Com talento e presença cênica, ela se destacou no auge da era da TV em preto e branco — e depois na transição para o vídeo colorido. Em 1977, deu vida a uma das personagens mais lembradas do imaginário infantil brasileiro: a temida Cuca, vilã das histórias criadas por Monteiro Lobato.
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Afastamento da mídia
Apesar do reconhecimento, Dorinha teve sua trajetória interrompida de forma abrupta em 1980, quando foi presa após matar a tiros o então marido, o diretor Paulo Sérgio Garcia de Alcântara, durante uma discussão. O episódio teve ampla repercussão à época e marcou o fim da sua carreira artística. Desde então, nunca mais apareceu publicamente com regularidade.
Segundo o portal NaTelinha, sua última participação na TV foi em 2006, em uma breve homenagem às vedetes promovida pelo autor Silvio de Abreu na novela Belíssima.
Reclusão e arte
Nos últimos anos, Dorinha Duval levava uma vida discreta e longe dos holofotes, dedicando-se às artes plásticas. Chegou a relatar em entrevistas antigas o desejo de se manter afastada da fama e do julgamento público.
Dorinha completou 96 anos em janeiro e deixa uma filha, netos e um legado de personagens que marcaram gerações. Seu nome segue gravado na memória da TV brasileira — entre o humor irreverente das Cajazeiras e o medo mágico que sua Cuca provocava em tantas crianças.