Com meio século de atuação no Brasil e 75 anos no mundo, a ONG Visão Mundial tem direcionado esforços para algumas das regiões mais vulneráveis do país. Entre os projetos, ganha destaque a iniciativa junto ao povo Ticuna, na comunidade Umariaçu, na Tríplice Fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru.
Segundo a presidente do conselho da organização, Silvana Bezerra Magalhães, a situação das crianças indígenas é marcada por pobreza extrema, falta de infraestrutura e uma grave crise de saúde mental. Casos de suicídio infantil são uma das maiores preocupações.
++ Meteorito de Marte leiolado por R$ 27 milhões pode ter sido contrabandeado
Histórias que chocam
Silvana relembra o drama de um menino de 5 anos que chorava diariamente após perder o pai por suicídio. Outro episódio devastador foi o de um garoto de 10 anos que tirou a própria vida depois de sofrer abuso sexual. “Na carta que deixou, ele dizia não aguentar o peso da desonra”, contou.
A ONG busca oferecer espaços de acolhimento e educação, para que as crianças tenham perspectiva de futuro. Em Umariaçu, por exemplo, uma única educadora Ticuna dá aulas de português para 150 crianças ao mesmo tempo, em uma igreja sem estrutura adequada. A Visão Mundial atua para levar recursos, construir uma quadra, criar uma biblioteca e oferecer reforço pedagógico.
++ Viúva de vítima da ditadura recebe indenização 52 anos após assassinato
Voz para quem não é visto
“Quem mais sofre são as crianças, porque elas não são tão vistas. A Visão Mundial olha para quem ninguém vê”, destacou Silvana, que acompanha de perto projetos em fronteiras como Pacaraima (RR), porta de entrada de milhares de migrantes venezuelanos.
Ela lembra ainda a história de Maria, migrante que caminhou durante um mês da Venezuela até a Colômbia com o filho nos braços. O bebê morreu no trajeto e, em desespero, Maria se jogou de uma ponte. “Nenhuma Maria mais pode morrer. Nenhum bebê pode morrer no colo de nenhuma Maria”, desabafou.
Meio século de compromisso
Fundada no Brasil em 1975, a Visão Mundial atua em comunidades rurais, periferias urbanas e áreas de fronteira, oferecendo programas de educação, proteção infantil e apoio emergencial a famílias em situação de risco. Ao completar 50 anos, a ONG reforça seu compromisso de combater desigualdades profundas e dar visibilidade a crianças esquecidas pelo poder público.