Um relatório de 72 páginas divulgado nesta segunda-feira (15/9) pela Comissão Internacional Independente de Inquérito da ONU afirma, pela primeira vez, que Israel está cometendo genocídio contra palestinos em Gaza.
A investigação, conduzida por um comitê vinculado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, apontou a prática de “quatro atos genocidas” desde o início das hostilidades em 7 de outubro de 2023. Entre eles, estão:
- assassinato deliberado de civis palestinos;
- imposição de condições de vida que buscam a destruição física do povo;
- ataques indiscriminados com munições de alto poder destrutivo;
- incitação pública ao genocídio por parte de líderes israelenses.
++ Casa de “Ainda Estou Aqui”, na Urca, volta ao mercado por R$ 18 milhões
Mortes em Gaza
Segundo o Ministério da Saúde palestino, quase 65 mil palestinos morreram desde o início do conflito. Embora os números não distingam civis de combatentes, a maioria das vítimas seriam mulheres e crianças.
O relatório cita ainda casos concretos, como o de uma menina de 5 anos morta junto com sua família em janeiro de 2024, mesmo estando em uma área classificada como “segura”.
Além disso, denuncia que Israel transformou o bloqueio de suprimentos essenciais em arma de guerra, restringindo alimentos, água e medicamentos, agravando a fome e a crise humanitária — especialmente entre crianças.
Reações
O Ministério das Relações Exteriores de Israel rejeitou as conclusões, chamando o documento de “distorcido” e pedindo a dissolução da comissão. A comissão, por sua vez, afirmou ter se baseado em evidências concretas e não em informações fornecidas pelo Hamas.
Israel frequentemente acusa o Conselho de Direitos Humanos da ONU de manter um viés anti-Israel. Em 2018, durante o governo Trump, os Estados Unidos chegaram a se retirar do órgão em protesto contra a postura considerada hostil a Israel.
++ Sobrevivente de aneurisma cerebral relata experiência de quase morte e superação
Contexto internacional
Nos últimos meses, cresceu a pressão global com relação às denúncias de genocídio. A Associação Internacional de Estudiosos do Genocídio, entidades israelenses de direitos humanos e a própria África do Sul, que apresentou um caso histórico contra Israel no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), já haviam levantado suspeitas nesse sentido.
Com a intensificação das operações em Gaza, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu reconheceu que Israel enfrenta um cenário de “isolamento internacional”.
Apelo da ONU
O documento final acusa Netanyahu e o presidente israelense Isaac Herzog de terem incitado genocídio por meio de declarações públicas. A comissão pede à comunidade internacional que aja imediatamente para prevenir a continuidade das atrocidades e proteger os palestinos de Gaza.