As águas da Galícia, no noroeste da Espanha, voltaram a ser palco de episódios inusitados e preocupantes. Nas últimas semanas, veleiros e embarcações de pequeno porte foram atingidos por orcas, que arrancaram lemes e provocaram vazamentos, deixando tripulantes em pânico.
No dia 21 de agosto, um veleiro alemão teve o leme destruído no estuário de Vigo e só conseguiu chegar em segurança após ser rebocado — enquanto as orcas continuavam a empurrá-lo. Poucos dias depois, em 30 de agosto, dois novos casos chamaram atenção: um barco tradicional de madeira foi abalroado em O Grove, no estuário de Arousa, e outro navio sofreu danos em Ons, no estuário de Pontevedra.
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“Ficamos muito assustados; entramos em desespero quando percebemos que as orcas estavam batendo contra o barco”, relatou o proprietário da embarcação de O Grove, Valentín Otero, ao portal Live Science. Ele afirmou ter visto um animal adulto de cerca de 7 metros acompanhado por uma orca mais jovem.
Subpopulação em risco crítico
Os ataques vêm sendo atribuídos a uma pequena subpopulação de orcas ibéricas, com menos de 40 indivíduos e considerada criticamente ameaçada de extinção. Desde 2020, esses animais têm protagonizado interações semelhantes ao longo da costa atlântica da Espanha e de Portugal.
Pesquisadores afirmam que não se trata de vingança contra os barcos. A principal hipótese é que orcas jovens, com mais tempo livre após a recuperação das populações de atum-azul — sua presa favorita —, estejam reproduzindo um comportamento lúdico.
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Conhecidas por sua inteligência e forte vida social, as orcas já exibiram comportamentos coletivos curiosos, como equilibrar salmões mortos na cabeça ou participar de movimentos sincronizados que lembram um “mosh pit” aquático.
Embora as colisões sejam capazes de causar sérios estragos em embarcações, especialistas ressaltam que não há registros de ataques intencionais a humanos. Ainda assim, para quem navega na região, cada encontro com esses gigantes marinhos é uma experiência marcada pelo medo e pela imprevisibilidade.