Uma viagem tranquila a Porto Rico se transformou em um verdadeiro drama para Maria Fraterrigo, de 81 anos. A idosa, que vive em Nova York, foi impedida de voltar para casa após a companhia aérea Frontier Airlines recusar o embarque de seu papagaio Plucky, um companheiro inseparável há mais de duas décadas.
A ave, um papagaio-cinzento-do-Congo de menos de 300 gramas, foi levada por Maria como animal de suporte emocional — papel que exerce desde a morte de seu marido, em 2019. Durante a ida à ilha caribenha, a presença de Plucky foi autorizada sem restrições. O retorno, no entanto, se tornou um impasse: no momento do check-in, funcionários da companhia afirmaram que o papagaio não era permitido na cabine e exigiram que a passageira deixasse o animal para trás.
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“Esse cara do balcão grita comigo e diz: ‘Você não vai embarcar neste voo. Dê o pássaro para alguém. Livre-se dele.’ Eu disse: ‘De jeito nenhum, não vou me livrar do meu bebê’”, relatou Maria em entrevista à emissora local ABC 7.
Segundo seu filho, Robert, a própria Frontier havia dado sinal verde para a viagem, desde que houvesse um atestado médico — o que foi cumprido. Apesar disso, a empresa admitiu um erro na autorização e informou que “papagaios não se qualificam como animais de suporte emocional”, conforme as normas da companhia e de outras aéreas dos Estados Unidos.
Com o embarque negado, Maria permaneceu por quatro dias retida em Porto Rico, enquanto a família tentava negociar uma solução. A resposta da companhia veio apenas após pressão e repercussão do caso: a Frontier reembolsou a passagem, ofereceu um voucher como compensação e, mediante apresentação de documentos veterinários e comprovação de que o animal havia sido adquirido nos EUA, liberou o retorno.
O reencontro com Nova York aconteceu no dia 10 de abril. Cansada e visivelmente abalada, a idosa desabafou ao chegar: “Não tenho mais lágrimas, minha mente está vazia. Só quero ir para casa”.
O episódio reacende o debate sobre os critérios para transporte de animais de suporte emocional, especialmente após mudanças regulatórias que, nos últimos anos, limitaram esse direito quase exclusivamente a cães. Enquanto isso, Plucky, que costuma repetir os nomes dos netos de Maria, permaneceu em silêncio durante os dias de tensão — um reflexo do estresse enfrentado por seu lar humano e por ele próprio.