A residência do pastor Robert Shinn, figura central do documentário Dançando para o Diabo, da Netflix, foi alvo de uma operação federal na última sexta-feira, 25, no estado da Califórnia. A ação, que envolveu agentes do FBI, Receita Federal, Departamento do Trabalho e o Serviço Postal dos Estados Unidos, ocorreu no contexto de uma investigação sobre tráfico sexual e diversos crimes financeiros.
De acordo com o Los Angeles Times, mandados foram cumpridos para apurar suspeitas de lavagem de dinheiro, fraude fiscal, fraude postal, sonegação de impostos e irregularidades envolvendo recursos emergenciais da pandemia de COVID-19. A operação resultou na detenção de diversas pessoas, embora os nomes dos envolvidos ainda não tenham sido divulgados.
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Imagens aéreas captadas pela emissora KTLA mostraram pelo menos seis pessoas sendo levadas algemadas da casa, incluindo uma mulher com uma criança no colo. O imóvel é o mesmo que aparece no documentário da Netflix, que investiga denúncias contra a organização religiosa e a empresa de gerenciamento de talentos 7M Films, ambas lideradas por Shinn.
Fundador da Igreja Shekinah em 1994, o pastor também criou a 7M Films em 2021. A empresa prometia alavancar carreiras de dançarinos no TikTok, mas acabou envolvida em denúncias de manipulação, abuso e controle psicológico. Ex-integrantes afirmam que não havia separação entre a igreja e a produtora, e que ambas funcionavam sob rígido controle de Shinn.
No documentário, ex-membros relatam episódios de abuso emocional e sexual, além de restrições severas à vida pessoal. A ex-paroquiana Melanie Goldman afirma ter presenciado jovens gritando desesperadas dentro da igreja. Já Melanie Wilking, também ex-dançarina, ganhou notoriedade nas redes sociais ao denunciar, em 2022, que sua irmã Miranda havia sido isolada da família após se aproximar da igreja e da 7M.
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Robert Shinn nega todas as acusações e, em 2022, moveu uma ação por difamação contra antigos membros que classificaram a organização como uma seita. As investigações federais, no entanto, lançam novas luzes sobre o escopo das atividades do chamado “Culto do TikTok”, cujas denúncias agora extrapolam o campo religioso e alcançam a esfera criminal.