No coração do Oceano Pacífico, entre os Estados Unidos e o Japão, uma imensa área de poluição marinha de mais de 1,5 milhão de km² vem intrigando cientistas. Equivalente a três vezes o território da Bahia, a chamada “mancha de lixo” é mantida por correntes oceânicas que funcionam como redemoinhos, concentrando garrafas, redes de pesca e milhões de microplásticos.
O que chama a atenção é que, em meio ao cenário de degradação, surgiu um novo ecossistema. Batizado de “plastisfera”, ele abriga caranguejos, anêmonas, algas e microrganismos que não apenas sobrevivem, mas se reproduzem no plástico acumulado. O fenômeno vem sendo descrito como um recife artificial em pleno alto-mar.
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Apesar da dimensão, a mancha não é visível em imagens de satélite, já que o plástico disperso cobre menos de 0,02% da superfície da área. A localização e o monitoramento dependem de expedições com navios e drones.
Os riscos, no entanto, são graves. As correntes marítimas que concentram o lixo também funcionam como “balsas”, transportando espécies entre continentes e favorecendo a disseminação de organismos invasores e micróbios patogênicos. Para a fauna, o impacto já é evidente: baleias, tartarugas e peixes confundem plásticos com alimento e muitas vezes morrem asfixiados.
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Especialistas alertam que, embora projetos internacionais tentem recolher parte desses resíduos, a tarefa é complexa. Remover o lixo pode significar também destruir as espécies que passaram a depender desse ambiente artificial. Por isso, a prioridade deve estar na prevenção: conter os plásticos antes que cheguem ao mar, seja com barreiras em rios, seja com sistemas flutuantes próximos à costa.
A plastisfera mostra como a natureza reage até mesmo ao impacto mais nocivo da ação humana. Mas também reforça um alerta: a adaptação não elimina os danos, e o oceano não pode continuar sendo o destino final do lixo produzido em terra firme.