A plataforma de jogos Roblox, com mais de 100 milhões de usuários ativos, está no centro de uma polêmica nos Estados Unidos. A procuradora-geral da Louisiana, Liz Murrill, moveu um processo contra a empresa alegando que o ambiente criado pelo jogo favorece a atuação de predadores sexuais, colocando em risco milhões de crianças.
Segundo relatório de 42 páginas divulgado na última quinta-feira (14), o Roblox teria permitido a proliferação de experiências de caráter sexual produzidas pelos próprios usuários. Entre os exemplos citados estão “Escape to Epstein Island”, “Diddy Party” e “Public Bathroom Simulator Vibe”.
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Acusações contra a plataforma
Murrill afirma que a falta de protocolos de segurança efetivos priorizou o crescimento e o lucro em detrimento da proteção infantil. “O Roblox está inundado de conteúdo prejudicial e predadores de crianças porque prioriza a receita em vez da segurança”, declarou em nota.
O documento também cita o caso recente de um homem preso na Louisiana, suspeito de utilizar a plataforma para atrair e explorar menores ao alterar a voz durante interações virtuais.
Além da questão da segurança, o processo acusa a empresa de práticas comerciais desleais, negligência e enriquecimento ilícito, em violação às leis estaduais de comércio.
O perfil dos jogadores
Lançado em 2006, o Roblox permite que qualquer usuário crie seus próprios jogos e experiências. De acordo com dados da própria empresa, 64% da base de usuários tem mais de 13 anos, mas 20% ainda são crianças com menos de 9 anos — uma faixa considerada extremamente vulnerável a aliciadores virtuais.
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A defesa do Roblox
Em resposta, a empresa classificou as acusações como “equivocadas” e rejeitou a ideia de que colocaria intencionalmente os jogadores em risco. “Nenhum sistema é perfeito, e pessoas mal-intencionadas se adaptam para evitar a detecção”, disse em comunicado.
O Roblox informou ainda que mantém filtros rigorosos no bate-papo para bloquear linguagem imprópria e tentativas de levar menores para fora da plataforma, além de proibir o envio direto de imagens entre usuários. A companhia afirmou que também está investindo em inteligência artificial para identificar comportamentos suspeitos, medida que teria ajudado a gerar mais de 1.200 denúncias ao Centro Nacional para Crianças Desaparecidas e Exploradas somente no primeiro semestre deste ano.
Debate em aberto
A ação reacende a discussão sobre os riscos digitais enfrentados por crianças em plataformas on-line e coloca pressão sobre empresas de tecnologia para reforçar sistemas de moderação e segurança. Para os procuradores, os pais devem ser alertados sobre os perigos ocultos, enquanto a empresa defende que segue em esforço contínuo para oferecer um ambiente seguro.