O que começou como um gesto de solidariedade acabou envolvido em uma grande controvérsia. A campanha de arrecadação criada para ajudar Agam Rinjani, o alpinista voluntário que participou do resgate do corpo da brasileira Juliana Marins na Indonésia, foi oficialmente cancelada neste domingo (29) após forte repercussão negativa nas redes sociais.
Juliana sofreu um acidente durante uma trilha no Monte Rinjani e ficou quatro dias à espera de socorro antes de morrer. Apesar dos esforços, o resgate falhou por conta do mau tempo e da falta de equipamentos adequados. Mesmo assim, o papel de Agam chamou a atenção: sem vínculo com as autoridades, ele liderou uma equipe de voluntários para tentar resgatar a brasileira em condições extremamente adversas.
Como forma de agradecimento, uma vaquinha foi criada na plataforma Voaa com o objetivo de arrecadar recursos para que o montanhista pudesse adquirir novos equipamentos de resgate. Em poucos dias, a campanha bateu a impressionante marca de mais de R$ 522 mil arrecadados.
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No entanto, a iniciativa passou a ser alvo de críticas após a divulgação de que a plataforma cobraria 20% do total arrecadado — o equivalente a cerca de R$ 104 mil. A cobrança, ainda que prevista nos termos do site, gerou acusações de lucro em cima da tragédia e resultou em uma onda de desconfiança, ataques e até ameaças.
Diante do cenário, a Voaa e a página parceira Razões Para Acreditar optaram por cancelar a campanha e estornar os valores aos doadores. Em nota, reconheceram que a comunicação sobre as taxas “poderia ter sido mais clara”, mas destacaram que os custos são essenciais para manter a operação, que envolve curadoria, produção de conteúdo, checagem e assistência jurídica às campanhas.
“Pedimos sinceras desculpas a todos que se sentiram desconfortáveis ou enganados”, diz o comunicado. A plataforma também reforçou que segue comprometida com a transparência e com o impacto social, apesar da decisão.
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Nas redes sociais, o cancelamento foi amplamente criticado. Muitos internautas lamentaram que o montanhista, que inicialmente sequer queria dinheiro, agora ficará sem o apoio prometido. “Preferiram devolver tudo a abrir mão dos 20%”, comentou um usuário. “Não era caridade, era negócio disfarçado”, escreveu outro.
A história de Agam, marcada pela coragem e generosidade, acaba se tornando um exemplo de como até mesmo atos de empatia podem ser engolidos pela desconfiança em tempos de exposição digital intensa.