O governo venezuelano, liderado por Nicolás Maduro, impôs uma multa de US$ 10 milhões (aproximadamente R$ 61 milhões) ao TikTok, acusando a plataforma de negligência em relação a conteúdos que teriam resultado na morte de adolescentes no país. A decisão foi anunciada pelo Tribunal Supremo de Justiça, órgão alinhado ao regime, nesta segunda-feira, 30.
A controvérsia ganhou força em novembro, quando o governo associou a morte de dois adolescentes a desafios virais promovidos na rede social. Em um dos casos, uma menina de 12 anos teria morrido após participar de um desafio envolvendo o consumo de medicamentos. Apesar da gravidade das acusações, detalhes concretos sobre os incidentes são escassos.
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Além da multa, o TikTok, controlado pela empresa ByteDance, foi obrigado a estabelecer escritórios no território venezuelano em um prazo de pouco mais de uma semana.
Esse episódio se soma a uma sequência de ações do governo contra plataformas digitais, que frequentemente são usadas pela oposição para criticar o regime e organizar manifestações. Desde sua reeleição, contestada internacionalmente, Maduro tem endurecido sua postura contra gigantes da tecnologia, acusando-as de fomentar instabilidade no país.
No entanto, o presidente continua ativo no TikTok, onde busca se conectar com a população por meio de vídeos que mostram momentos descontraídos, como danças e interações públicas. Sua conta reúne mais de 3 milhões de seguidores.
Por outro lado, a oposição também utiliza as redes como ferramenta de mobilização. A principal líder opositora, María Corina Machado, soma 5,7 milhões de seguidores no TikTok e tem usado a plataforma para incentivar resistência contra o governo.
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O histórico de confrontos entre Maduro e as redes sociais inclui episódios como o bloqueio temporário do X (antigo Twitter). Mesmo assim, veículos estatais continuam utilizando essas plataformas para difundir mensagens alinhadas ao regime.
Enquanto o governo segue ampliando o controle sobre a tecnologia e a comunicação, o futuro político do país permanece incerto, especialmente com a oposição contestando a legitimidade do novo mandato de Maduro, previsto para iniciar em janeiro.