Filhos da guerra retornam ao Vietnã meio século depois em busca das mães que perderam

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Cinco décadas após o fim da Guerra do Vietnã, antigos bebês retirados do país em meio ao caos do conflito voltam agora ao lugar de origem tentando encontrar um pedaço da própria história: as mães biológicas que deixaram para trás.

A ofensiva final, que culminou na queda de Saigon em 30 de abril de 1975, também marcou o início de uma das operações mais controversas do conflito. Sob o nome de “Operação Babylift”, cerca de três mil crianças foram levadas às pressas para fora do país por forças americanas, com o argumento de que eram órfãs. A realidade, no entanto, era bem mais complexa. Muitas dessas crianças tinham pais vivos, mas foram separadas de suas famílias em meio ao pânico dos últimos dias de guerra.

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Hoje com 51 anos, a advogada Odile Dussart é uma dessas pessoas. Levou mais de meio século para voltar ao Vietnã e tentar reconstruir um passado marcado pela perda, pela dúvida e pela ausência. Adotada por uma família francesa, ela cresceu sem nenhuma conexão com suas origens, carregando apenas cicatrizes e uma esperança silenciosa de reencontro. “Quero saber se minha mãe está viva. Só isso. Preciso entender de onde vim”, desabafa.

Odile era apenas um bebê quando sobreviveu a uma tragédia logo no início da operação: um avião militar que transportava crianças caiu minutos após decolar, matando 138 pessoas, entre elas 78 menores. Ela escapou com ferimentos e um quadro grave de desnutrição. Seu nome de nascimento, Bui Thi Thanh Khiet, foi substituído. As lembranças da infância no Vietnã são inexistentes, mas o desejo de reencontro permanece vivo.

O conflito que separou famílias como a de Odile durou 20 anos e deixou marcas profundas. Com cerca de 58 mil soldados americanos mortos e milhões de vietnamitas vítimas da guerra, o envolvimento dos Estados Unidos gerou desgaste político e social e teve impacto direto nas décadas seguintes da diplomacia internacional.

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Mesmo com a normalização das relações entre os dois países — que hoje mantêm parcerias comerciais e estratégicas —, para muitos dos que viveram o trauma da separação, o tempo não bastou para cicatrizar feridas. “Não sei o que vou encontrar, mas não posso deixar de procurar”, diz Odile, em mais uma tentativa de preencher um vazio que nem o passar dos anos conseguiu apagar.

 

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