Cientistas das universidades Cornell (EUA) e Florença (Itália) desenvolveram um robô controlado por um cogumelo chamado Pleurotus eryngii, ou “king oyster mushroom” (shimeji rei). Esse fungo comestível, nativo da Europa, Oriente Médio e norte da África, possui características que os pesquisadores utilizaram para criar um sistema robótico híbrido.
As células dos fungos se comunicam por sinais eletroquímicos, assim como os neurônios humanos. Essas células formam hifas, que se conectam e criam um micélio complexo, em grande parte subterrâneo. Os cientistas cultivaram micélios do Pleurotus eryngii na parte elétrica de um robô flexível de cinco pernas, semelhante a um polvo. Dessa forma, o robô se move de acordo com os pulsos elétricos do micélio, permitindo que seus membros se contraiam ou relaxem.
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Além disso, um vídeo da equipe de pesquisa mostra o robô se movendo repetidamente após a exposição à luz UV. Esse fenômeno ocorre porque os fungos preferem ambientes escuros. A pesquisa foi publicada na revista Science Robotics, destacando o potencial dessa tecnologia inovadora.
Em outro experimento, os cientistas acoplaram o micélio a um veículo de quatro rodas. Assim, o carrinho se movia para frente conforme os sinais elétricos do fungo. O sistema consiste em uma interface elétrica que processa a atividade eletrofisiológica do micélio em tempo real, permitindo que o robô reaja aos estímulos do ambiente.
Onde os robôs podem ser utilizados
Portanto, os pesquisadores veem um futuro promissor para esses robôs. Eles poderão monitorar as condições ambientais, especialmente em plantações. Os fungos são sensíveis à luz e a sinais químicos; assim, conseguem indicar quando uma plantação precisa de fertilizantes. Rob Shepherd, um dos pesquisadores, afirmou: “Esse estudo é o primeiro de muitos que usarão o reino fungi para fornecer sensoriamento ambiental e comandar sinais para robôs melhorarem seus níveis de autonomia”.
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Por fim, a ideia de usar organismos vivos em robôs não é nova. No entanto, a utilização de fungos oferece vantagens únicas. Enquanto sensores comuns respondem a apenas um tipo de estímulo, os fungos reagem a diversos fatores, como luz, toque, moléculas e temperatura. Além disso, os fungos se mostram resilientes a condições extremas, como baixas temperaturas e altos níveis de radiação. Confira o vídeo do robô controlado por cogumelo aqui.